Brasil é 3° da América em impunidade de crimes contra jornalistas

Estima-se que aproximadamente 85% dos assassinatos de jornalistas ficam impunes em todo o mundo

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A impunidade em casos de violência contra comunicadores é um dos principais responsáveis pelo aumento no número de assassinatos e ameaças a jornalistas e outros profissionais de mídia, segundo Carlos Lauría, coordenador do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ) para as Américas. Ele estima que aproximadamente 85% dos assassinatos de jornalistas ficam impunes em todo o mundo.

Em entrevista à Agência Brasil, Lauría disse que o relatório do Comitê de Proteção aos Jornalistas indica que em 2012 o Brasil ocupava o terceiro lugar nas Américas, atrás da Colômbia e do México, e o 11º no mundo, no ranking de impunidade de crimes praticados contra jornalistas, motivados diretamente por suas reportagens.

A publicação Ataques à Imprensa - Jornalismo na Linha de Frente, sobre a situação dos países americanos no que diz respeito às ameaças à liberdade de imprensa, foi entregue por Lauría a autoridades brasileiras há cerca de um mês.

Para criar o ranking, a instituição analisou o período de 2002 a 2011 e adotou a proporção de casos não solucionados de jornalistas assassinados por um milhão de habitantes. No Brasil, o índice ficou em 0,026. De acordo com a pesquisa, cinco assassinatos ficaram sem solução no país na última década.

Direito

​O líder do ranking foi o Iraque, onde não houve nenhuma condenação em 93 casos de assassinato de jornalistas ocorridos na última década. A maior parte desses crimes foi cometida quando o país estava em guerra. Segundo o relatório, não tiveram solução no país 2.906 casos de jornalistas assassinados, por um milhão de habitantes no mesmo período.

O fracasso em condenar os responsáveis por esses crimes é um problema global porque "os profissionais ficam sem a proteção do Estado e os agressores têm a tranquilidade que não sofrerão consequências pelos atos que cometeram", disse.

No caso brasileiro, Lauría enfatizou a preocupação em relação aos casos de violência contra blogueiros, lembrando que em 2012 foram mortos Mário Randolfo Marques Lopes, editor de um site de notícias em Barra do Piraí (RJ), e o jornalista e blogueiro Décio Sá, no Maranhão.

"A maior utilização das ferramentas digitais para divulgação de informações e de opiniões por comunicadores que trabalham, muitas vezes de forma independente, é motivo de preocupação, porque, pelo que temos visto, os torna muito vulneráveis. Quando se trata de profissionais que atuam no interior do país, em locais com acesso mais difícil à Justiça, as ameaças são ainda maiores", destacou.

O coordenador do CPJ também chamou a atenção para as ações movidas por empresários, políticos, funcionários públicos, entre outros, que, alegando ofensas à honra ou invasão de privacidade, tentam impedir a publicação de notícias de interesse público ou retirar de sites matérias já publicadas.

Em 2010, o CPJ registrou um assassinato de profissional da imprensa em razão de sua atividade no Brasil. Em 2011 foram três e no ano passado, quatro. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) registrou 119 assassinatos de jornalistas em 2012, o maior número desde que o organismo começou a contabilizar esses episódios, em 1997.

O CPJ foi criado em 1981 por um grupo de correspondentes norte-americanos com o objetivo de defender os direitos de colegas que atuavam em ambientes repressivos e perigosos. A primeira campanha resultou na libertação de três jornalistas britânicos presos na Argentina em 1982 durante a cobertura da Guerra das Malvinas.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES