Uma moradia saudável e segura, capaz de promover uma melhor qualidade de vida, deveria ser um direito de qualquer cidadão. Mas a ausência disso visivelmente faz parte da vida de muitos teresinenses. No Residencial Recanto dos Pássaros, na zona Sudeste de Teresina, mais de 30 famílias moram em casas de taipa e recentemente algumas dessas residências tiveram sua estrutura comprometida e desabaram. Por isso, várias famílias temem ver suas casas irem ao chão a qualquer momento.
Maria Janaira, residente da localidade há cerca de 6 anos, é uma das pessoas que sofrem com as condições precárias da sua casa de pau a pique. Há poucas semanas uma das paredes caiu durante uma chuva intensa. Ela relata que se sente temerosa quanto a grande possibilidade do restante desmoronar. ?Vejo que as paredes vão cair. Eu quase não durmo à noite, fico o tempo inteiro preocupada com isso. Não saio daqui porque não tenho para onde ir, não tenho como pagar aluguel?, conta ela, que mora com o filho de 9 anos.
Janaira é uma das beneficiadas com um projeto da Prefeitura Municipal de Teresina, nomeado de ?Kit Taipa?, que vem sendo desenvolvido há alguns anos junto às famílias vitimadas por alagamentos. O projeto consiste na distribuição de materiais de construção como ripas, barbantes, talos, madeira para enchimento e caibros, telhas e pregos.
Mas a moradora assegura que considera essa uma medida paliativa, já que, mesmo tendo recebido o kit, a sua casa está prestes a cair, e que precisa urgentemente ser contemplada com uma moradia urgentemente. "Tenho que sair daqui antes da chegada do período de chuvas, pois essa casa não vai aguentar. Pode acontecer uma tragédia", desabafa.
Maria Lúcia também sua casa parcialmente desabada há uma semana. Mesmo após o ocorrido, ela e a família permanecem na residência, já que não apresentam condições de mudar para outro local. A moradora afirma que já foi beneficiada há muito tempo com o ?Kit Taipa?. Hoje os pequenos reparos que estão sendo feitos no lar são com os materiais adquiridos com recursos próprios. A mão de obra está sendo realizada por um vizinho, por exemplo, terá como pagamento uma televisão velha de 14 polegadas. "Estou me envidando para arrumar essa parte que caiu sem nem ter como pagar direito", frisa.
De acordo com presidente da associação de moradores do Recanto dos Pássaros, Clovenildo Santos, outra casa do bairro desabou e que os moradores estão vivendo na casa de parentes. Ele destaca ainda que já buscou a Prefeitura Municipal de Teresina para solucionar o problema enfrentado por essas famílias, mas que não obteve respostas satisfatórias.
Sobre a situação, a Secretaria Municipal de Habitação e Regularização Fundiária (SEMDUH) assegura que as informações sobre a conjuntura desses residentes serão encaminhadas para o setor de supervisão, para essas famílias sejam visitadas e a situação analisada. O prazo dado para que isso aconteça é até amanhã (17).