No próximo 12 de setembro, Rafael Ansón completa 90 anos. Mais do que uma data de celebração pessoal, trata-se de um marco simbólico para a comunicação, a gastronomia e a cooperação cultural entre Espanha, Brasil e toda a Ibero-América.
Jurista de formação, humanista por vocação e estrategista nato, Ansón construiu ao longo de nove décadas uma trajetória que entrelaça pensamento, ação e serviço público. Sua vida profissional é marcada por uma constante: transformar ideias em pontes sólidas entre instituições, gerações e países.
Durante a Transição Democrática espanhola, foi assessor de comunicação do presidente Adolfo Suárez e dirigiu a RTVE, em momentos decisivos para a abertura política da Espanha. Também esteve na origem de entidades fundamentais, como a Associação de Diretores de Comunicação (DIRCOM) e a Academia de Ciências e Artes da Televisão, reforçando a profissionalização da comunicação pública e institucional.
No entanto, seu legado vai além das fronteiras da comunicação. Entre 2004 e 2020, Ansón presidiu a Real Academia de Gastronomia e impulsionou o reconhecimento da culinária como patrimônio cultural e ferramenta de identidade. Com a criação da Academia Ibero-Americana de Gastronomia, transformou a mesa em espaço de encontro, diplomacia e cooperação. Graças a essa visão, chefs, universidades e instituições de diversos países passaram a dialogar sob uma mesma bandeira cultural.
Para o Brasil, essa atuação tem especial significado. Ao integrar a gastronomia na agenda ibero-americana, Ansón deu visibilidade ao talento de jovens chefs, ao valor da diversidade culinária e à força da alimentação como expressão de identidade. Seu trabalho ajudou a projetar a culinária brasileira em cenários internacionais e a consolidar a ideia de que a cultura compartilhada é o maior elo entre nossas nações.
Hoje, aos 90 anos, Rafael Ansón segue ativo: escreve, orienta instituições, participa de fóruns e mantém viva uma energia intelectual voltada para o futuro. Sua visão é clara: a cultura e a gastronomia ibero-americanas são reservas inesgotáveis de criatividade, talento e humanidade para o século XXI.
O aniversário de Ansón é também um convite à reflexão. Sua trajetória demonstra que a cooperação cultural é uma força transformadora e que Ibero-América, quando unida, pode ser protagonista no cenário global.