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“O Jogo” de Rui Barbosa

Ele inutiliza talentos, degrada autoridades, silencia oradores e destrói corações familiares.

Rui Barbosa | Reprodução

1. O vício universal e corrosivo

O jogo — incluindo cartas, dados e cassinos — é comparado a uma “endemia moral”: furtivo como o crime, mas devastador como a lepra social. Afeta a todas as camadas, dos trabalhadores aos poderosos, corroendo valores, ideais e civilidade.

2. Destruição de personalidades e ambições

Ele inutiliza talentos, degrada autoridades, silencia oradores e destrói corações familiares. Causa um descrédito generalizado nos esforços, na perseverança, e faz nascer inveja, revolta e ceticismo frente ao mérito.

3. Promiscuidade e perda de discernimento

Sob o brilho dos salões de jogo, a moral se esvai: surgem blasfêmias, relações tóxicas, ódios domésticos e uma desesperança generalizada. O resultado é o desequilíbrio emocional, o desperdício de tempo — o recurso mais precioso — e a ruína moral .

4. Degeneração progressiva dos indivíduos

Muitos entram “levados pela tentação ou necessidade” e gradualmente perdem fé, honra, temperança e dignidade, até tornarem-se sombras sem memória ou legado.

5. Um mal canceroso e permanente

Barbosa descreve o jogo como um “putrefador”, uma diátese cancerosa que envenena toda a sociedade, tanto na prosperidade quanto na miséria, com voracidade incessante.

6. Chamado à ação moral e legislativa

Diferente de crises econômicas passageiras, o jogo requer vigilância constante. Rui sugere que esclarecidos e legisladores — como o cronista Tácito do encilhamento — direcionem seu combate a esse mal persistente em vez de dissipar esforços em males já superados.

Esses pontos revelam como Rui Barbosa via o jogo como uma ameaça perene à ética, à família, ao trabalho e ao espírito humano — algo que exige resposta consciente, social e institucional.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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