1. O vício universal e corrosivo
O jogo — incluindo cartas, dados e cassinos — é comparado a uma “endemia moral”: furtivo como o crime, mas devastador como a lepra social. Afeta a todas as camadas, dos trabalhadores aos poderosos, corroendo valores, ideais e civilidade.
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2. Destruição de personalidades e ambições
Ele inutiliza talentos, degrada autoridades, silencia oradores e destrói corações familiares. Causa um descrédito generalizado nos esforços, na perseverança, e faz nascer inveja, revolta e ceticismo frente ao mérito.
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3. Promiscuidade e perda de discernimento
Sob o brilho dos salões de jogo, a moral se esvai: surgem blasfêmias, relações tóxicas, ódios domésticos e uma desesperança generalizada. O resultado é o desequilíbrio emocional, o desperdício de tempo — o recurso mais precioso — e a ruína moral .
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4. Degeneração progressiva dos indivíduos
Muitos entram “levados pela tentação ou necessidade” e gradualmente perdem fé, honra, temperança e dignidade, até tornarem-se sombras sem memória ou legado.
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5. Um mal canceroso e permanente
Barbosa descreve o jogo como um “putrefador”, uma diátese cancerosa que envenena toda a sociedade, tanto na prosperidade quanto na miséria, com voracidade incessante.
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6. Chamado à ação moral e legislativa
Diferente de crises econômicas passageiras, o jogo requer vigilância constante. Rui sugere que esclarecidos e legisladores — como o cronista Tácito do encilhamento — direcionem seu combate a esse mal persistente em vez de dissipar esforços em males já superados.
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Esses pontos revelam como Rui Barbosa via o jogo como uma ameaça perene à ética, à família, ao trabalho e ao espírito humano — algo que exige resposta consciente, social e institucional.