Cresce cobrança de padrões na infância

Muitas das perturbações da idade adulta têm as suas raízes em fatores de risco da infância.

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A promoção da saúde mental tornou-se crucial para qualquer sociedade sendo considerada um sinal de qualidade de vida. Do ponto de vista da saúde mental infantil, a compreensão das etapas de desenvolvimento do ciclo vital é fundamental, é nela que se estrutura o psiquismo e se constituem os recursos essenciais numa perspectiva de evolução.

Um recente levantamento revela que em quatro anos, no Brasil, o número de caixas do medicamento ritalina, indicado para o tratamento do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), cresceu de 1 milhão para 2 milhões. Dentro deste âmbito é necessário percebe que se tornaram comuns os problemas infantis de foro psiquiátrico, que um número significativo destes problemas podem ter um mau prognóstico e que muitas das perturbações da idade adulta têm as suas raízes em fatores de risco da infância.

A psicóloga Renata Bandeira Jardim, atua no mercado piauense há quase uma década na área do comportamento e da mente revela que, atualmente, cobra-se mais das crianças, estão iniciando a vida escolar mais cedo e com isso algumas responsabilidades na pressa que diz respeito ao desenvolvimento muitas vezes se perdem numa rotina exaustiva de aulas de inglês, balé , reforço escolar, provas, natação, escola e outras atividades.

“As crianças acabam não vivendo a infância de forma saudável, afinal criança tem que brincar e tem que viver isso com intensidade. As consequências podem ser no desenvolvimento social e afetivo da criança. Existe outro padrão comportamental muito comum hoje em dia que é o acesso livre das crianças a internet através de tablets e celulares, nessa perspectiva as crianças estão dependentes dessas tecnologias e tendo contato com informações que não são para sua idade”, afirmou.

A profissional revela que o aumento de diagnósticos de TDAH é um dos motivos para o crescimento do uso de ritalina, contudo ressalta que é preciso ter mais precisão nas avaliações. “Tenho observado que esses diagnósticos são feitos erroneamente, de forma superficial sem analisar ou testar vários aspectos cognitivo do indivíduo. Sem contar que há pessoas que utilizam a ritalina para melhorar o desempenho em provas, concursos e até no trabalho”, acrescentou.

Renata Bandeira explica que muitas vezes alguns comportamentos são relacionados a “é uma fase” ou “é coisa de criança”, ou simplesmente a criança não é ouvida, mas hoje com o combate a psicofobia (preconceito a transtornos mentais), as pessoas estão mais sucessíveis e buscando ajuda psicológica com mais facilidade, frequência e sem preconceitos. “Caso isso não aconteça, a criança dependendo da demanda pode sofrer as consequências de forma a atrasar seu desenvolvimento, seja social, emocional ou cognitivo”, afirmou.

Empatia ajuda entender infância de forma mais humana

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico que surge na infância e na maioria das vezes prossegue por toda a vida da pessoa. Os principais sintomas são a desatenção, hiperatividade (inquietação motora) e impulsividade.

A psicóloga Renata Bandeira, reforça que o TDAH não é uma doença , não existe uma cura e sim um tratamento par melhor conviver. Os sintomas comuns são: Deixar de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou durante outras atividades; ter dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas, não escutar quando lhe dirigem a palavra e ter sensações de inquietude.

Para auxiliar os pais ou responsáveis, a especialista orienta que é preciso buscar entender que cada ser humano tem sua subjetividade, sua particularidade e principalmente seu tempo. “Muitas vezes buscamos padronizar comportamentos como “isso que é o normal”, sem entender que o conceito de normalidade também é subjetivo apesar de que a sociedade padronizou. A empatia é crucial para entender a infância de forma mais humana”, considera.

Renata Bandeira destaca ainda que a sociedade precisa entender que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física, ir no psicólogo e psiquiatra não é coisa de “louco” e que ter depressão ou ansiedade não é frescura. “A partir do momento que houver uma maior conscientização e tolerância a cerca dessas questões, consequentemente estaremos mais preparados para lidar com os transtornos mentais, e assim podemos agir com mais humanidade em relação ao combate ao suicídio”, completou.

Campanha projeta promoção de Saúde Emocional

Para abordar esses e outros temas relacionados a saúde emocional é que a campanha 'Janeiro Branco', se dedica a mostrar à sociedade que os seres humanos, seja em de qual idade forem, são seres de conteúdos psicológicos e subjetivos, que suas vidas, necessariamente, são estruturadas em torno de questões mentais, sentimentais, emocionais, relacionais e comportamentais, sendo, portanto, imperioso e necessário, que a subjetividade humana possua lugar de destaque na cultura e cotidianos humanos, sob pena de começar a ser vítimas um dos outros e de quem despreza as próprias necessidades psicológicas e as necessidades psicológicas alheias.

É uma campanha pensada, planejada e projetada para a promoção de Saúde Emocional nas vidas de todos os indivíduos que compõe a humanidade, buscando estratégias políticas, sociais e culturais para que o adoecimento emocional seja prevenido, conhecido e combatido em todos os campos, esferas, dimensões e espaços em que o humano se faz presente.

Por meio do Janeiro Branco em todo o Brasil e em outros países, cidadãos, psicólogos e demais profissionais, estão se mobilizando para levar mensagens e reflexões aos indivíduos e às instituições às quais esses mesmos indivíduos encontram-se entrelaçados fornecendo orientações, dicas e reflexões que têm o poder de chamar a atenção de todos para os cuidados consigo, com os outros e, também, para a importância das lutas por políticas públicas em defesa da Saúde Mental de todos.



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