CRIA levanta a bandeira da adoção

O objetivo principal do CRIA é o de realizar ações sociais

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Por Lindalva Miranda

"Quando a gente passa a conviver com essa realidade é impossível ficar indiferente à situação dessas crianças que vivem crescendo em instituições de acolhimento, sem a garantia fundamental, do direito à vida em família", diz a assistente social Francimélia Nogueira, coordenadora e fundadora do Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (CRIA), uma Organização Não Governamental, com nove anos de existência.

A motivação para a criação do CRIA, segundo a assistente social, partiu de uma experiência pessoal, com a adoção de sua filha, na época, com um ano e dez meses de idade. A partir daí, ela reuniu um grupo de amigos, para fazer algo concreto por todas as outras crianças que haviam ficado em um dos abrigos de Teresina. O objetivo principal do CRIA, diz Francimélia Nogueira, é o de realizar ações sociais, para favorecer a vida em família, com uma contribuição de uma nova cultura para a adoção.

Divulgação-TJMT

"Pautar a discussão da adoção, no sentido de contribuir com a formação de uma nova cultura de adoção, de forma que as pessoas passassem a observar com outros olhos essa realidade da vida em abrigos, e que cada um parasse para pensar em como ela poderia ajudar a mudar a realidade de crianças e adolescentes", relata.

A fundadora do CRIA comenta que, em relação aos projetos, o carro-chefe da ONG é o Programa Família Acolhedora, dirigido a pessoas que não têm intenção em adoção. Depois de passarem por uma fase de seleção, cadastramento e capacitação, as famílias recebem uma criança ou adolescente, para morar com elas, através da guarda provisória, acolhimento previsto pelo ECA, até que a Justiça decida se aquela criança retorne à família de origem ou na impossibilidade do retorno, até que essa criança seja adotada.

Durante todo o ano de 2018, foi dada continuidade aos projetos já desenvolvidos. "Esse acolhimento prioritário ainda é pequeno, no Brasil, mas em outros países já é uma coisa muito disseminada. Existem países onde a figura do abrigo não existe mais e onde o Estado investe só no acolhimento familiar. Aqui, no Brasil, em Cascavel, no Paraná, nós já temos uma experiência muito exitosa, onde o doutor Luís Sérgio Creuzy está à frente, e no município dele, não existe mais abrigo. E é esse o nosso grande sonho, que é o de contribuir para a expansão do acolhimento familiar, no Piauí e no Brasil", disse.

Crianças saudáveis de até 3 anos ainda são as preferidas

Além do carro-chefe, Família Acolhedora, são desenvolvidos vários outros projetos, como o de Incentivo às Adoções Necessárias - onde são discutidos  com a sociedade, o fato de crianças e adolescentes precisarem de uma família, onde crianças maiores ou de grupos de afro-descendentes, pessoas com necessidades especiais ou doentes, ficam "empancadas' nos abrigos. "Porque sabemos que a preferência é por crianças pequenas, de até três anos de idade e saudáveis. E poucos são os que querem grupos de irmãos. É claro que isso tem melhorado bastante, mas ainda precisamos avançar. É algo que precisamos sempre discutir, para que as pessoas enxerguem isso", ressalta Francimélia Nogueira.

Arquivo Agência Brasil

Ela conta que, nesse sentido, são realizadas ações como: caminhadas, encontro estadual da adoção, manhãs de lazer, todo último sábado de cada mês, na Adufpi. No ano de 2018, foi realizada uma ação também de grande importância, que foi o Terceiro Seminário Estadual da Adoção, com o tema: “O que o os olhos veem o coração sente”. "Queremos, com isso, bater na tecla de que as nossas crianças não podem ficar guardadas nos abrigos. Que as pessoas que tomam decisões referentes à vida delas, devem repensar sobre essa ideia de as crianças não devem ser vistas, que isso é uma exposição. Existe outra corrente, da qual eu faço parte, que é a de que a exposição para o bem, ela é saudável. Como, por exemplo, permitir que as pessoas já cadastradas para adoção possam visitar os abrigos. Isso faz com que as pessoas mudem o perfil e podem acabar se apaixonando por uma criança de 6 ou 7 anos", explica.

Outro projeto é o de exposições fotográficas, realizadas em um shopping da cidade, e que também circula por outros locais de grande fluxo de pessoas. Outro projeto é com foco na prevenção, o Projeto Escola de Família, onde foi adotada a Escola Didácio Silva, localizada no bairro Dirceu Arcoverde, com rodas de conversa com adolescentes, de forma sistemática. E uma vez por mês, acontece uma grande palestra, na mesma escola, com toda a comunidade escolar. "Esse trabalho tem foco na harmonização dos filhos, familiares, para prevenir o rompimento do vínculo e prevenir o acolhimento daquele adolescente", observa.

Ela diz também que um outro projeto importante, realizado pelo CRIA, é o de Fortalecimento de Vínculo, onde são trabalhadas as famílias de origem das crianças acompanhadas pela ONG. "São crianças que a gente tira do abrigo e coloca no Família Acolhedora. Nós acompanhamos as famílias de origem e as famílias acolhedoras. Atualmente, algumas adolescentes que passaram pelo sistema de acolhimento, depois passaram pelo acolhimento familiar do CRIA, e hoje já constituíram famílias e a gente continua acompanhando essas adolescentes", fala Francimélia Nogueira, acrescentando que esse acaba sendo um projeto de prevenir o retorno da criança e ou adolescente  ao abrigo.

Arquivo Agência Brasil

O outro projeto também citado pela assistente social é o "Papo da Adoção", onde são reunidas pessoas que já adotaram e pretendentes de adoção, com o objetivo de troca de experiências, muito salutar, para quem está à espera de uma adoção e para quem já adotou. "Tem sempre um facilitador, nessas reuniões. É um projeto que tem dado certo e sempre que nos procura com o objetivo de adoção, nós encaminhamos para a Vara da Infância e da Juventude, para a Defensoria Pública. E além de encaminhar, a gente ainda põe essa pessoa no grupo, para que ela possa participar do CRIA", explica,  mais uma vez, a assistente social.

CRIA tem novidades para o ano de 2019

O Projeto Papo para Adoção terá, em 2019, uma expansão, com a apresentação de um quadro semanal, de meia hora de duração, na rádio. Também ainda em janeiro será veiculado um quadro "Papo de Adoção" na TV.

Outra novidade do Cria, para 2019, é que o CRIA conseguiu, nesse final de ano, aprovar dois projetos, um deles com recursos de uma operadora de telefonia celular e o outro com recursos do Banco do Nordeste, os dois aprovados através do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). "Nós estamos bem felizes com a aprovação desses dois projetos, o que significa mais possibilidades de trabalhar por nossas crianças e adolescentes e por dias melhores, para elas", finaliza Francimélia Nogueira.



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