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Congresso aprova MP que abre mercado de energia e limita subsídios

Senado aprova MP do setor elétrico com teto para gastos da CDE e abertura gradual do mercado de energia. Entenda as mudanças e o impacto para o consumidor.

Plataforma P-63 da Petrobras | Foto: Divulgação
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O Senado Federal aprovou nesta quinta-feira (30) a medida provisória que altera regras do setor elétrico brasileiro. A proposta, que já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados, segue agora para sanção presidencial.

A MP precisava ser votada pelo Congresso até 7 de novembro para não perder a validade. Entre as principais mudanças, o texto estabelece um teto para os gastos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) — fundo que financia programas como a tarifa social de energia, o Luz para Todos e subsídios às fontes renováveis.

Outro ponto relevante é a abertura gradual do mercado de energia, permitindo que todos os consumidores, inclusive residenciais, possam escolher o fornecedor de eletricidade. Atualmente, essa opção é restrita a grandes empresas.

Durante a tramitação, o relator da proposta, senador Eduardo Braga (MDB-AM), informou que foi feito um acordo entre o governo e líderes parlamentares para retirar do texto o trecho que tratava de termoelétricas a gás. Segundo ele, esse tema será analisado separadamente, na votação de um veto relacionado ao projeto das eólicas offshore.

“Esse trecho ainda é uma matéria pendente no Congresso Nacional”, afirmou Braga. “Tivemos de retirar para garantir a votação, já que havia posição contrária do governo”, completou.

Como é hoje:

  • A CDE financia políticas públicas, como tarifa social, Luz para Todos e subsídios às renováveis. Os valores são pagos pelos consumidores via tarifa.

Como fica:

  • Haverá um teto de gastos a partir de 2027, com base no orçamento real de 2025.
  • Se faltar dinheiro, será criado o Encargo de Complemento de Recursos (ECR) — pago apenas por quem se beneficia da CDE.

Quem fica isento?

  • Famílias de baixa renda;
  • Beneficiários do Luz para Todos e da CCC;
  • Custos administrativos da CDE, CCC e RGR;
  • Estados que não estavam conectados ao SIN até 2009.

Abertura do mercado de energia

Como é hoje:

  • Só grandes consumidores podem escolher livremente seu fornecedor de energia.

Como fica:

Todos os consumidores poderão escolher, em fases:

  • Indústrias e comércio: até 24 meses;
  • Consumidores residenciais: até 36 meses;
  • Será criado o Supridor de Última Instância (SUI), para garantir fornecimento emergencial em caso de falhas.

Armazenamento de energia

Como é hoje:

  • Regra ainda incipiente e sem incentivos amplos.

Como fica:

  • Armazenamento entra no planejamento oficial do sistema elétrico;
  • Incentivos fiscais (PIS/Cofins/IPI) para baterias até 2026;
  • Equipamentos poderão entrar no REIDI, com benefícios tributários.

Micro e minigeração (energia solar residencial)

Como é hoje:

  • Proposta inicial previa cobrança de R$ 20 a cada 100 kWh compensados.

Como fica:

  • A cobrança foi excluída pela Câmara (233 x 148).
  • Ou seja, não haverá tarifa extra para quem instala painéis solares em casa no modelo de autoconsumo local.

Comercialização de gás

A MP autoriza a Pré-Sal Petróleo (PPSA) – empresa pública que representa a União na gestão dos contratos de partilha de produção – a comercializar diretamente o gás natural da União, para reduzir tarifas e estimular a indústria.

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