O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira (23) que "nunca teve simpatia" pela ideia de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com o objetivo de elevar a arrecadação federal. A declaração ocorre um dia após o governo federal anunciar o reajuste da alíquota do imposto em determinadas operações, como compra de dólar em espécie por pessoas físicas e remessas ao exterior.
“Em debates anteriores, quando se discutia alternativa para perseguição da meta, eu mesmo nunca tive muita simpatia com a ideia. Não gostava da ideia”, afirmou Galípolo durante participação por videoconferência no XI Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE).
Galípolo, que já foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda e é próximo do ministro Fernando Haddad, responsável pelo anúncio do aumento do IOF, também comentou os impactos da medida. Ele reconheceu que a intenção do governo é claramente fiscal, com foco no cumprimento da meta de superávit primário, mas alertou para o risco de interpretações equivocadas.
“Está claro que o objetivo era fiscal, da meta de superávit. Mas minha antipatia pela ideia de usar o IOF para perseguir a meta decorre justamente do receio de que possa parecer uma tentativa de controlar o câmbio”, explicou.
Galípolo também negou que a decisão tenha sido discutida com o Banco Central, reforçando a independência da instituição. Segundo ele, os detalhes da medida foram conhecidos apenas no momento do anúncio oficial, o que, segundo ele, comprova que o BC não participou da formulação da política.
As declarações vêm em meio a questionamentos de analistas e do mercado financeiro sobre os impactos da elevação do IOF tanto no câmbio quanto na arrecadação, e também sobre eventuais interferências na autonomia do Banco Central.