A Argélia está prestes a inaugurar uma nova era em sua produção de laticínios. O governo local firmou parceria com a Baladna, empresa do Catar considerada gigante do setor, para construir o maior complexo leiteiro do planeta. O investimento total é estimado em US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 18,6 bilhões), valor que será aplicado na instalação de uma superestrutura na província de Adrar.
Estrutura inédita
O empreendimento ocupará uma área de 117 mil hectares e abrigará 272 mil vacas em lactação. Além do imenso rebanho, o projeto inclui a instalação de uma moderna indústria para processamento e secagem do leite, equipada com tecnologia da alemã GEA Group AG, referência global em automação e segurança alimentar. A companhia ficará responsável por toda a cadeia de produção, da ordenha ao empacotamento do leite em pó.
Produção e mercado
Quando atingir capacidade máxima, o complexo terá condições de produzir 200 mil toneladas de leite em pó por ano, volume capaz de suprir metade da demanda interna da Argélia. Hoje, o país gasta em torno de US$ 800 milhões (R$ 4,4 bilhões) anuais na importação de mais de 400 mil toneladas de derivados lácteos.
Empregos e impacto econômico
A obra deve gerar 5 mil empregos qualificados e promete reposicionar a Argélia no mapa do agronegócio internacional. Além da autossuficiência, o país poderá se tornar exportador de laticínios, alterando o equilíbrio do comércio no norte da África. Atualmente, a Argélia é o quarto maior consumidor mundial de leite em pó, atrás apenas de China, Brasil e União Europeia.
Desafios e sustentabilidade
Especialistas alertam que o maior obstáculo será garantir alimentação para o gigantesco rebanho. Será necessário ampliar a produção interna de grãos e forragens, além de recorrer à importação de insumos. A preocupação é que a logística de abastecimento consiga acompanhar a escala da operação.
Comparação mundial
O projeto supera em muito a maior fazenda leiteira do Brasil, a Fazenda Colorado, em Araras (SP), que possui 2.500 vacas em lactação e produção média de 105 mil litros de leite por dia. O rebanho argelino será mais de 100 vezes maior, consolidando o país africano como sede da maior fazenda de leite do mundo.
Expansão na África
A Baladna também mira outros mercados do continente. No Egito, já anunciou aportes de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,2 bilhões), e negocia ainda a instalação de uma megafazenda na Nigéria. A meta é consolidar a presença em países que hoje dependem fortemente da importação de alimentos.
Prazos
A construção na Argélia deve começar em 2026, com previsão de início da produção já no final de 2027. O projeto é considerado o maior investimento integrado em laticínios do mundo e pode redefinir o setor global nos próximos anos.