O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou neste domingo (21), que seu país enfrenta "uma campanha de agressão de terrorismo psicológico e de corsários que assaltaram petroleiros".
A declaração veio após a apreensão do 3º navio petroleiro pelos EUA. No entanto, Maduro não citou diretamente se a fala é uma resposta à ação americana deste domingo.
"A Venezuela vem denunciando, enfrentando e derrotando há 25 semanas uma campanha de agressão que vai desde o terrorismo psicológico até corsários que assaltaram petroleiros. Estamos preparados para acelerar a marcha da Revolução profunda", disse Maduro em suas redes sociais minutos após a nova apreensão ser revelada pelas agências de notícias.
O QUE SÃO CORSÁRIOS?
Citados por Maduro em sua fala, os corsários são marinheiros armados que, em tempos de guerra, recebem uma autorização oficial de um governo para atacar e saquear navios e portos inimigos para compartilhar os lucros com o Estado que os comissionou.
Eles diferem dos piratas, porque esses atuam por sua própria conta. Já corsários eram muito utilizados por potências marítimas europeias entre os séculos XV e XIX, com mais frequência na época das grandes navegações.
POR QUE OS NAVIOS ESTÃO SENDO APREENDIDOS?
Atualmente, a Venezuela concentra uma capacidade de aproximadamente 303 bilhões de barris, sendo a maior reserva comprovada de petróleo do planeta - segundo a Energy Information Administration (EIA), órgão oficial de estatísticas energéticas dos EUA.
O que acaba por colocar o país à frente de gigantes como Arábia Saudita (267 bilhões) e Irã (209 bilhões), com ampla margem. No entanto, grande parte do petróleo venezuelano, porém, é extra-pesado, o que exige tecnologia sofisticada e investimentos elevados para extração.
O que desperta um claro interesse dos EUA. Segundo a EIA, o petróleo pesado da Venezuela "é bem adequado às refinarias norte-americanas, especialmente às localizadas ao longo da Costa do Golfo".
Diante desse volume, o republicano atinge dois objetivos simultaneamente: ao buscar favorecer a economia dos EUA, também pressiona a produção e as exportações de petróleo da Venezuela — setor central para a economia do país e para a sustentação do governo de Nicolás Maduro.
EFEITOS DAS APREENSÕES
Os efeitos iniciais já começaram a aparecer nesta semana. Caracas já enfrenta falta de capacidade para armazenar petróleo, em meio a medidas de Washington para impedir que embarcações atraquem ou deixem portos venezuelanos - de acordo com uma reportagem da Bloomberg News
Desde que os Estados Unidos impuseram sanções ao setor de energia da Venezuela, em 2019, comerciantes e refinarias que compram petróleo venezuelano passaram a recorrer a uma “frota fantasma” de navios-tanque, que ocultam sua localização, e a embarcações sancionadas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia.