Família encontra últimas imagens feitas por brasileiro morto na Espanha

Ao contrário do que a família pensava, Gilbert não morreu no dia 7 de março, mas depois.

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

As fotos encontradas na câmera de Gilbert Janeri, de 43 anos, morto em uma das trilhas do Caminho de Santiago, na Espanha, estão ajudando a família e as autoridades locais a desvendarem parte do que aconteceu com ele durante a caminhada. Ao contrário do que a família pensava, Gilbert não morreu no dia 7 de março, mas depois.

Segundo Eliane Garcia, prima do executivo, as coisas dele permaneceram intactas na neve.

- A última foto que encontramos na câmera foi tirada no dia 8 de março, às 15h40 no horário da Espanha, por volta das 11h40 aqui no Brasil - contou Eliane.

As autoridades espanholas trabalham com a hipótese de que Gilbert tenha sido vítima de um enfarto. A família também acredita nessa possibilidade. Os parentes do executivo descartam a possibilidade de hipotermia e acham possível que tenha caído do penhasco quando já estava morto.

Eliane explicou que o executivo estava acostumado com o frio, porque morou no Canadá durante anos e enfrentou baixas temperaturas. Tudo indica que ele morreu de dia, quando a trilha ainda estava bastante visível e o frio é menos rigoroso.

- Achamos que o corpo dele foi arrastado por uma avalanche, depois - disse Eliane. - Mas ainda não sabemos bem como tudo aconteceu e nunca saberemos, já que não haverá autopsia - acrescentou.

O corpo de Gilbert foi encontrado pela polícia florestal de Navarra no dia 23 de março. A irmã, Sônia Janeri, chegou à cidade de Pamplona, na Espanha, quinta-feira passada, acompanhada da filha, do marido e do genro. Na sexta-feira, ela fez um teste de DNA para comprovar que o corpo encontrado é mesmo o do irmão. A cerimônia de cremação está marcada para o sábado, às 9h na Espanha e 4h da madrugada no Brasil.

No mesmo dia, a família parte para Santiago de Compostela, que fica a cerca de 700 quilômetros de Pamplona. Os parentes pedirão uma missa em homenagem a Gilbert, que deve ser celebrada no domingo, ao meio-dia. Depois da missa, eles vão em direção à Cruz de Ferro, onde deixarão as cinzas, atendendo a um pedido do executivo. Inspirado pelo filme ?The Way?, antes de partir ele disse, em tom de brincadeira, que queria ficar por lá, caso morresse na caminhada.

- Ele era um brincalhão - frisou Eliane

Os parentes de Gilbert que viajaram para Pamplona contam com o auxílio de um peregrino que renunciou à própria caminhada para auxiliar a família. O rapaz, um empresário baiano, sequer conhecia Gilbert. Ele já haviam passado de Pamplona, caminhando, mas decidiu voltar de avião para encontrar Sônia, o marido, a filha e o genro.

O peregrino se hospedou no mesmo hotel onde estão os parentes do executivo e os acompanha a todos os lugares. Segundo o relato de Sônia, que escreve todos os dias para a família, a participação dele está sendo essencial. O baiano estava no meio da décima caminhada, e disse que esses anos todos o transformaram em uma pessoa melhor.

- Ele disse que fazia de coração - lembrou Eliane, sensibilizada com a atitude.

No Brasil, o também peregrino Jorge Cáceres marcou uma missa em homenagem a Gilbert, no dia 25 de abril, na Paróquia Santo Agostinho, em São Paulo. Ele também não conhecia o executivo. Ficou sabendo da morte quando Juliana Janeri, sobrinha de Gilbert, recorreu à comunidade Caminho de Santiago, no Facebook, em busca de alguém que pudesse ajudar a família.

- Quando soubemos do que aconteceu começamos a nos mexer para ajudar. O mínimo que podemos fazer agora é prestar uma homenagem - falou Cáceres, professor de espanhol que já fez o Caminho de Santiago duas vezes, em 2003 e 2006.

Jorge também acredita que Gilbert tenha sofrido um enfarto. Ele frisou que o trecho em que o executivo foi encontrado, nos Pirineus, era bastante difícil, com cerca de sete horas de subida. Mas o executivo já estava bem perto do albergue onde pararia para descansar.

- Ele trabalhava com logística, e não acredito que tenha errado justamente na logística da viagem - enfatizou.

Cáceres fez questão de frisar que este período do ano é bem frio na região. Os peregrinos experientes aconselham que as pessoas se aventurem pelo caminho a a partir de maio, quando chove menos e faz menos frio.

- Ele ficou onde queria. O coração dele o levou até lá, e ele acabou ficando porque era o destino - opinou.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES