Freio de máquina que partiu menino ao meio falhou antes do acidente, denuncia vizinho

No mesmo dia da morte, motorista percebeu ter perdido controle do equipamento.

Menino brincava com os amigos em um terreno baldio quando foi atingido pela máquina. | Reprodução / Rede Record
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Um morador do bairro da Viga, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, denuncia que a draga que matou um menino de dez anos já havia provocado outro acidente horas antes da tragédia. Ele diz que, antes da morte da criança, a máquina já havia perdido o freio. Carlos Eduardo Costa Cardoso teve o corpo cortado ao meio na última segunda-feira (1º).

? Horas antes da tragédia, a mesma draga perdeu o freio na ladeira e desceu, ficando tombada. Só depois que veio outra foi possível arrumá-la.

Segundo o vizinho, após ser retirada da ladeira, a máquina deu a volta no quarteirão e desceu a rua.

? No momento em que ela desceu a rua, o motorista viu que ela estava sem freio. Na hora, só ouvimos o cara gritar para saírem da frente. Mas o menino saiu justamente para o lado onde a draga estava indo.

Para o morador, a tragédia poderia ter sido muito maior, pois no momento várias crianças estavam passando pela rua.

? Não sei o que o motorista fez, não deu pra ver se ele jogou ou perdeu a direção, mas se tivesse ido mais para baixo outras crianças também teriam morrido. Ele evitou uma tragédia ainda maior.

O condutor da máquina depôs por quase duas horas na Delegacia da Posse (58ª DP), no final da tarde de terça-feira. Ele explicou que o acidente ocorreu após uma falha no freio. Celso da Silva, de 63 anos, afirmou que o acidente foi uma ?uma fatalidade?. Para o delegado Marcos Henrique, caso as investigações não apresentem nenhuma novidade, o motorista será indiciado por homicídio.

? Vou continuar as investigações. A prefeitura vai ser acionada para sabermos se a obra era regular ou não e, sem novidades, o condutor será indiciado por homicídio culposo [sem intenção].

O corpo da criança foi sepultado na tarde de terça no cemitério de Nova Iguaçu.

Motorista quase foi linchado

De acordo com um dos vizinhos que socorreu a criança, o desespero do motorista da draga foi tão grande que ele chegou a pensar em suicídio. Segundo André Luiz Azevedo, de 25 anos, o condutor não conseguia se conformar com a tragédia. Após o acidente, alguns moradores pensaram em agredir o condutor.

? Os moradores queriam linchá-lo, mas após verem que ele estava desesperado e entenderem o que aconteceu foram até ajudar. Um pegou um copo de água com açúcar, outro tentava conversar. Mas ele não parava de chorar.

Os vizinhos que ajudaram no resgate do menino relataram, na tarde de terça, os momentos dramáticos que ocorreram após o acidente. Eles lembram como tentaram ajudar Carlos, em meio ao desespero da criança e do motorista da máquina.

Para Jonathan Moreira, de 21 anos, que viu todo acidente, a primeira imagem da criança foi traumática.

? Foi desesperador. Quando vimos a draga vir e cair corremos para tentar ajudar e vimos as pernas. Procuramos para ver onde estava o restante do corpo e encontramos ele segurando uma raiz. O menino ainda estava vivo, mas apenas com a metade do corpo. Ainda peguei o corpinho dele. Ele apertava minha mão pedindo para não deixá-lo morrer. Nunca mais esqueço isso.

André da Silva, de 25 anos, que ajudou nos momentos anteriores à chegada da ambulância, relatou que o menino entrou em pânico ao não ver as pernas.

? Enquanto os bombeiros não chegavam, tentamos ajudar no que foi possível. Ele desmaiava e voltava. O pior momento foi quando ele viu que não estava com as pernas e começou a chorar.

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