O Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que tem como sócio o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu R$ 2,1 milhões em patrocínio de eventos nos últimos dois anos do grupo J&F, que controla a JBS, e que tem como donos os irmãos Wesley e Joesley Batista .
As informações são exclusivas de uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo , nesta quarta-feira (14). Essa é a segunda vez que o jornal aponta ligações entre Gilmar Mendes e a JBS, já que, em outra reportagem, afirmou que o ministro vende gado para o frigorífico.
Os irmãos Batista firmaram acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em abril deste ano. Ao jornal, o IDP afirmou que devolveu à J&F o valor de R$ 650 mil, no dia 29 de maio, após a revelação do acordo de delação.
Além disso, o instituto afirma ter rescindido um contrato assinado no dia 11 de junho de 2015, em razão de cláusula contratual “relacionada à conduta ética e moral por parte do patrocinador”.
A JBS, por sua vez, diz ter gastado R$ 1,45 milhão desde 2015 com o IDP, mas não menciona a devolução de R$ 650 mil.
Ainda em abril deste ano, o instituto realizou um dos eventos patrocinados pelo grupo. Na ocasião, magistrados, ministros do governo Temer, advogados e políticos participaram de um congresso em Portugal.
J&F tinha conduta 'exemplar', diz IDP
O instituto alegou ao jornal que, até a delação, "a conduta das empresas do grupo J&F era considerada exemplar".
"As ofertas de patrocínio, para qualquer empresa, são formuladas pela administração e pelo jurídico do IDP , por escrito. A exposição da marca é sempre decisão unilateral do patrocinador", disse o instituto.
Sobre os R$ 650 mil devolvidos à J&F em maio, o IDP afirma que os recursos chegaram depois da realização do evento. Logo, não foram gastos e, portanto, foram devolvidos.
Já a assessoria de Gilmar Mendes afirmou que o ministro "não é, nem nunca foi, administrador do IDP. Sendo assim, não há como se manifestar sobre questões relativas à administração do instituto".