O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, condenado por peculato, decidiu não participar do conclave que escolherá o novo papa. A imprensa italiana revelou nesta segunda (28) que o religioso, causou polêmica ao pressionar o Vaticano para ser admitido na votação. Essa pressão, segundo apuração do G1, teria ocorrido na semana passada.
Becciu renunciou aos direitos ligados ao cardinalato em 2020, quando vieram à tona investigações sobre a compra irregular de um imóvel de luxo em Londres. Segundo a BBC, parte dos mais de US$ 200 milhões usados na aquisição deveria ter sido destinada a obras de caridade. Na época, o papa Francisco aceitou o pedido de renúncia.
Tentou reverter
⚖️Mesmo condenado a 5 anos e seis meses de prisão pelo Tribunal do Vaticano em dezembro de 2023, Becciu tentou reverter sua situação. Ele alegou que seus direitos como cardeal seriam vitalícios, argumento que utilizou após viajar a Roma um dia depois da morte do papa, buscando garantir sua presença no conclave.
Documentos
No entanto, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado, apresentou dois documentos assinados por Francisco — um de 2023 e outro recente — que reforçavam a exclusão de Becciu do processo de escolha do novo pontífice. Segundo o jornal Domani, esses documentos foram também exibidos aos demais cardeais reunidos.
Contraste
A trajetória de Becciu é marcada por contrastes. Antes do escândalo, ele era uma figura de peso na Cúria Romana e chegou a ser cogitado como sucessor de Francisco. Sua queda, entretanto, foi acelerada pelo envolvimento em desvios que beneficiaram familiares e pela gestão obscura de recursos destinados à caridade. Apesar das acusações e da condenação, Becciu mantém sua inocência e declarou em diversas ocasiões que "o papa perdeu a fé" nele.