Cruzeiro de luxo vira pesadelo para turistas nos EUA

Navio pegou fogo e deixou mais de 4.000 à deriva no oceano Pacífico

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É popular, nos Estados Unidos, a noção de um ?cruzeiro para lugar nenhum?. O conceito envolve abordar um navio de turismo que sai, por exemplo, do porto de Nova York, e vai para águas internacionais. Não há neste roteiro nenhum cais intermediário, entre a ida e a vinda. Trata-se de ?uma voltinha? de transatlântico. Os passageiros terão a oportunidade de jogar num cassino flutuante, comer meia dúzia de refeições diárias, dormir em alto mar e usufruir de atrações recreativas.

O pacote de um destes cruzeiros de pobre custa cerca de um terço do preço de uma viagem regular. Não foi esse, porém, o esquema tarifário da navegação sem destino do navio de turismo Carnival Splendor, que ficou três dias à deriva em alto mar nesta semana por causa de um incêndio. Um pesadelo que só acabou nesta quinta-feira (11), com a embarcação sendo puxada por cinco rebocadores até o porto de San Diego, no Estado americano da Califórnia.

Incêndio põe fim à paparicação

Os 3.300 infelizes passageiros (acompanhados por 1.200 tripulantes ainda mais desafortunados) esperavam tour de luxo. O preço de R$ 3,4 mil (US$ 2 mil) pelo pacote individual mais barato, supunha-se, era indicativo de paparicação.

Mas um incêndio na casa das máquinas, em pleno lugar nenhum do mar caribenho, deixou aquela cidade flutuante entregue ao sabor das correntes aquáticas.

Nada de força elétrica para controlar locomoção ou rumo do navio e, pior, nem mesmo para acender uma lâmpada. O calor infernal daquelas latitudes em pouco tempo apodreceu os alimentos, ajudou no consumo reforçado da pouca água dos reservatórios e negou qualquer refúgio em ar condicionado.

Banquete minguado

Os banquetes- daqueles do tipo ?coma até estourar?, típico dos cruzeiros- foram reduzidos a porções racionadas de fiambrada e biscoitos. Literalmente. Esse menu, diga-se, foi confirmado pela empresa.

A mesa melhorou apenas depois da chegada àquelas latitudes do porta-aviões USS Ronald Reagan, da Marinha americana. Dos armazéns da embarcação de guerra partiram ranchos tipo militar e garrafinhas de água mineral. Para que alguém considere iguaria esse tipo de alimentação (fornecida a marujos) é preciso que o flagelo da fome tenha fincado bandeira na área.

A despeito de toda essa privação alimentar, os sanitários da embarcação tiveram suas capacidades superadas. A falta de água impedia o fluxo do esgoto.

Sem estabilizadores hidráulicos, a embarcação agitou-se como liquidificador em meio ao traiçoeiro mar do Caribe. Isso provocou vômitos incontroláveis nos passageiros. Os saquinhos higiênicos distribuídos aos necessitados foram pendurados nos corrimãos dos corredores que levam aos quartos.

O resultado desta combinação nauseabunda foi uma atmosfera insuportável nos intestinos da barca, contou ao R7 Albert Montoso, uma das vítimas do desastre em alto mar.

- Era como se estivéssemos dentro de um depósito de lixo de país subdesenvolvido. E não havia o que fazer. Lá fora o sol era infernal e queimava nossa pele, mesmo com filtros solares. Tivemos de enfrentar o fedor, jogando baralho para passar o tempo.

Remediar o irremediável

O pesadelo marítimo terminou na tarde de quinta-feira, com passageiros beijando o chão do cais de San Diego. A empresa responsável, porém, procura remediar todo o sofrimento. Está oferecendo, gratuitamente, outro cruzeiro em nave de sua frota.

Vários clientes já declinaram do convite, declararam que nunca mais colocarão os pés fora da terra firme, e já estão à procura de advogados para iniciar ação jurídica contra a companhia.



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