Igreja busca um Papa com perfil “mais jovem” para renovar imagem

Embora a idade seja uma questão fundamental, ela não é o único requisito que será levado em conta

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

As especulações em torno dos "papáveis" são o principal assunto dos jornais às vésperas de um conclave. São também uma forma discreta de colocar em circulação um nome ou queimar outro. Mas uma questão parece estar clara: depois do pontificado de Bento XVI, marcado por uma certa falta de comunicação com os fiéis, especialmente com os da América Latina, e um ar decadente (não se pode esquecer de sua paixão pela antiga liturgia e por paramentos antigos), a Igreja necessita de um papa jovem. Por jovem entenda-se alguém na faixa dos 60 (melhor no final dos 60). Nessa situação, entre os 60 e os 70 anos, há 40 cardeais. Há mais cinco entre os 50 e os 60 anos. A maioria dos religiosos que participarão conclave - precisamente 72 - estão no limite de idade (entre 71 e 79 anos).

Embora a idade seja uma questão fundamental, ela não é o único requisito que será levado em conta para a eleição de Ratzinger. A nacionalidade continua a ter seu peso. Os italianos, que dirigem a Curia vaticana desde que se tem lembrança, tiveram que ceder o protagonismo para acomodar a natureza multinacional da Igreja. Há 35 anos não há um papa italiano, mas não se pode subestimar seu poder ou preponderância no conclave. Con 28 integrantes, formam o maior bloco nacional.

Esses dados explicam como o arcebispo de Milão, Angelo Scola, de 71 anos, se converteu num dos mais citados candidatos a suceder Bento XVI. Scola, nascido na província de Lecco, na Lombardia, é um teólogo que estudou com Joseph Ratzinger na Universidade de Freiburg. E, como a seu antigo professor, lhe falta vitalidade e capacidade para gerar entusiasmo. Um compatriota e acadêmico como ele, o filósofo Massimo Cacciari, descartava seu nome ao lembrar que a Igreja, imersa em uma profunda crise, "necessita de um pastor". Em outras palavras: de alguém que transmita vida, sentimentos e não puro conhecimento teológico.

Scola tem o apoio da Comunhão e Libertação, um movimento religioso muito ativo na Itália, e tem um currículo eclesiático perfeito: foi patriarca de Veneza (assim como João XXIII) e arcebispo de Milão (como Paulo VI).

Não são poucos os meios de comunicação na Itália que especulam a possibilidade de que Joseph Ratzinger só tenha se despedido despois de deixar bem amarrado o próximo conclave. Indicam, inclusive, o nome do cardeal que o sucederia: o francês Jean-Louis Tauran, que em abril completa 70 anos. Tauran, que preside o Conselho Pontifício para o Diálogo Interreligioso, é um diplomata poliglota. Como cardeal protodiácono, cabe a ele anunciar ao mundo o nome do novo Pontífice. É de se supor que algum colega o substituiria no caso de ser escolhido.

Mais ou menos da idade de Tauran é o arcebispo de Tegucigalpa, Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, um salesiano de 70 anos e um dos papáveis mais citados no conclave anterior. Desta vez, Maradiaga deixou claro que não se considera apto a ocupar o Trono de Pedro. No conclave de 2005, tinha 62 anos e era considerado jovem demais - o mesmo argumento que pesa hoje sobre o arcebispo de Manila, Luis Antonio Tagle, de 55 anos.

Se, como sugerem alguns especialistas, chegou a hora de enviar o poder para fora da Europa, os candidatos mais bem situados seriam o canadense Marc Ouellet, de 68 anos, que preside o ministério dos bispos; o ganês Peter Appiah Turkson, de 64 anos, que dirige o Conselho de Justiça e Paz, no Vaticano; e o brasileiro Pedro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, de 63 anos. As especulações devem terminar no fim de março.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES