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Incêndio em Hong Kong: número de mortos sobe para 146, mais de 100 continuam desaparecidos

Tragédia no complexo Wang Fuk Court expôs falhas graves de segurança e levou à prisão de dirigentes da construtora responsável pelas obras.

Incêndio de grandes proporções atinge conjunto de arranha-céus em Hong Kong em 26 de novembro de 2025. | Foto: Yan Zhao/AFP
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O número de mortos no incêndio que destruiu parte do complexo residencial Wang Fuk Court, em Hong Kong, subiu para 146 neste domingo (30), após equipes de resgate encontrarem novas vítimas dentro dos prédios devastados pelo fogo. Outras 100 pessoas permanecem desaparecidas e 79 ficaram feridas naquele que é considerado um dos piores desastres da história recente da cidade.

Condições de busca dificultam resgate

A Unidade de Identificação de Vítimas de Desastres tem percorrido minuciosamente os edifícios atingidos. Segundo o oficial Cheng Ka-chun, a operação exige extremo cuidado:

“Está muito escuro lá dentro e, por causa da pouca luz, é muito difícil trabalhar, principalmente em locais afastados das janelas.”

Cheng afirmou que corpos foram encontrados tanto dentro de apartamentos quanto nos telhados. Até agora, apenas quatro dos sete blocos foram vasculhados.

A descoberta mais recente incluiu 30 novos corpos, entre eles 12 que já tinham sido localizados pelos bombeiros, mas ainda não haviam sido retirados.

Prédios em obras levantam suspeitas de negligência

O complexo passava por reformas quando o incêndio começou, na quarta-feira. Os prédios estavam revestidos por andaimes de bambu e cobertos com redes de náilon, além de terem janelas bloqueadas por painéis de poliestireno — materiais agora apontados como possíveis agravantes do desastre.

O governo suspendeu imediatamente 28 obras da mesma empresa responsável pela reforma, a Prestige Construction & Engineering Company. Em comunicado, autoridades afirmaram:

“O incêndio de grandes proporções no Wang Fuk Court expôs sérias deficiências da PC&E na gestão da segurança no local.”

Três dirigentes da construtora chegaram a ser presos sob suspeita de homicídio culposo. Eles foram soltos e depois detidos novamente por órgãos anticorrupção, junto com outros oito suspeitos, entre engenheiros, subempreiteiros e gerentes do projeto.

Alarme não disparou e idosos estavam entre as vítimas

O Corpo de Bombeiros informou que alguns alarmes de incêndio não funcionaram durante os testes realizados após a tragédia. O complexo abrigava muitos idosos, o que pode ter contribuído para o elevado número de vítimas.

Sete trabalhadores indonésios morreram, e dezenas continuam desaparecidos, segundo o governo da Indonésia. Entre as vítimas também está uma empregada doméstica filipina; outras 12 pessoas do país seguem desaparecidas. Na tarde de domingo, centenas de filipinos lotaram ruas do centro da cidade para rezar e prestar homenagens.

Investigação desencadeia revisão nacional

O Ministério de Gestão de Emergências da China anunciou uma inspeção nacional em edifícios altos para identificar riscos semelhantes. Os principais pontos incluem o uso de andaimes de bambu, materiais inflamáveis e falhas em sistemas automáticos de combate a incêndio.

O incêndio do Wang Fuk Court já é o mais mortal desde 1948, quando um armazém pegou fogo e matou 176 pessoas. O mais letal da história de Hong Kong segue sendo o incêndio do Hipódromo, em 1918, com mais de 600 mortos.

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