O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse neste domingo que o líder líbio, Muamar Khadafi, aceitou o plano da União Africana por um cessar-fogo na Líbia, que prevê um "período de transição" no país.
O anúncio ocorreu num dia de fortes confrontos no país e de bombardeios sem precedentes da Otan (aliança militar ocidental).
"A delegação do irmão líder (Khadafi) aceitou o mapa do caminho apresentado por nós", disse Zuma, em Trípoli, junto com outros quatro líderes africanos, em uma visita que buscava uma trégua nos dois meses de confrontos no país norte-africano.
"Temos que dar uma chance ao cessar-fogo", agregou Zuma, pedindo que a Otan interrompa os bombardeios no país.
O plano da União Africana prevê, segundo comunicado, "a interrupção imediata das hostilidades; a cooperação das autoridades líbias para facilitar a assistência humanitária para a população necessitada; a proteção de migrantes; diálogo entre as partes e estabelecimento de um período de transição, com vistas para adotar as reformas políticas necessárias para acabar com a atual crise".
Segundo o comunicado, "Khadafi confirmou seu apoio" quanto ao cessar-fogo e expressou "confiança" no plano da UA.
A delegação da União Africana vai se reunir nesta segunda-feira com representantes do governo interino estabelecido pelos rebeldes na cidade de Benghazi.
Em entrevista à BBC, um representante da oposição líbia, Guama al Gamaty, disse que o plano de cessar-fogo será analisado com cuidado, mas agregou que qualquer projeto destinado a manter Khadafi e seus filhos no poder não será aceito pelos insurgentes.
Batalhas
Enquanto se desenrolava a visita diplomática, os confrontos continuavam em partes da Líbia.
A Otan anunciou ter destruído 25 tanques das tropas de Khadafi, com bombardeios aéreos perto das cidades de Ajdabiya (leste) e Misrata (oeste), palco de alguns dos conflitos mais sangrentos dos últimos dias.
Segundo a aliança, o objetivo da ofensiva aérea era proteger os civis líbios, que estavam "encurralados de forma brutal" pelos tanques de Khadafi.
Jon Leyne relata que a ação foi uma das mais fortes da Otan desde que a aliança assumiu o controle das operações internacionais na Líbia, há pouco mais de uma semana.
Em Ajdabiya, os confrontos foram intensos neste domingo. Testemunhas ouviam fortes explosões e avanço das forças aliadas do regime pelo oeste da cidade, que tem importância estratégica por ser a última parada antes de Benghazi, o principal reduto dos rebeldes.
Correspondentes da BBC relatam que, apesar do apoio aéreo da Otan, os rebeldes têm muito menos poder de fogo e sofisticação de combate do que as tropas governamentais.