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Netanyahu sugere matar líder supremo do Irã como solução para guerra

Primeiro-ministro israelense defende ação letal contra aiatolá Khamenei e diz que ofensiva atual visa impedir guerra nuclear

O premier de Israel, Benjamin Netanyahu, durante coletiva de imprensa em Jerusalém, em setembro | Foto: Ohad Zwigenberg/AFP
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta segunda-feira (16) que matar o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, poderia “acabar com o conflito” entre os dois países. Em entrevista à ABC News, Netanyahu foi questionado sobre um plano israelense supostamente vetado por Donald Trump, então presidente dos Estados Unidos, que teria barrado o assassinato por temer uma escalada militar.

“Isso não vai escalar o conflito, vai acabar com o conflito”, disse Netanyahu. Ele também afirmou que o Irã quer “uma guerra eterna” e que Israel está apenas se defendendo. Segundo o premiê, os comandantes iranianos continuarão sendo mortos “um a um”.

Bombardeios e novos ataques

No mesmo dia da entrevista, Israel bombardeou a sede da TV estatal iraniana durante uma transmissão ao vivo. O governo do Irã classificou o ataque como crime de guerra. Antes, Israel havia alertado civis para evacuarem partes de Teerã, incluindo ministérios e embaixadas.

Desde sexta-feira (13), quando Israel iniciou a “Operação Leão Ascendente”, a escalada militar já causou 224 mortes no Irã e 22 em Israel, segundo autoridades locais. Entre os mortos no Irã estão Mohammad Kazemi, chefe de Inteligência da Guarda Revolucionária, e Hossein Salami, comandante da Guarda. Crianças e civis representam a maioria das vítimas.

Infraestrutura e programa nuclear na mira

A ofensiva israelense tem como alvo áreas civis e estratégicas no Irã, como instalações de petróleo, prédios governamentais e o centro nuclear de Natanz. Segundo o Wall Street Journal, os bombardeios podem ter implodido as estruturas subterrâneas do complexo nuclear.

Do outro lado, o Irã atingiu cidades e refinarias em Israel, incluindo Tel Aviv e Haifa. A estatal de petróleo israelense confirmou danos à sua infraestrutura, mas disse que segue operando.

Especialistas acreditam que o objetivo de Israel é enfraquecer o programa nuclear iraniano, que considera uma ameaça direta. O país, que mantém seu próprio arsenal nuclear em segredo, não é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear.

EUA e negociações diplomáticas

Apesar de não participar diretamente dos ataques, o presidente americano Donald Trump disse que os EUA “podem se envolver” no conflito, e confirmou que vetou a execução de Khamenei nos últimos dias. Afirmou ainda que “está na hora de um acordo”, mas não respondeu se pressionou Israel por uma trégua.

Tentativas de cessar-fogo esbarram em impasses: o Irã não aceita interromper o enriquecimento de urânio, enquanto Israel segue com bombardeios. A União Europeia convocou uma reunião emergencial para terça-feira (17), tentando abrir caminhos diplomáticos.

Céus iranianos vulneráveis

Segundo o professor Leonardo Trevisan, da ESPM, o Irã está em clara desvantagem: “Hoje, os céus iranianos são de Israel”. A destruição prévia dos sistemas defensivos deixou Teerã vulnerável a ataques aéreos. O país pode recorrer a milícias aliadas, como o Hezbollah, para reagir de forma indireta.

Com os ataques se intensificando e a diplomacia estagnada, o cenário aponta para um prolongamento do conflito, com riscos de envolvimento de mais países e impacto direto nos mercados globais, especialmente no preço do petróleo.


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