O presidente da Rússia, Vladimir Putin, admitiu que o avião Embraer E190 derrubado no Cazaquistão, em 25 de dezembro de 2024, foi atingido por ação das defesas aéreas russas. O acidente matou 38 pessoas e só agora, quase um ano depois, o governo russo assume publicamente a responsabilidade. A aeronave fazia o voo J2-8243 da Azerbaijan Airlines e havia decolado de Baku, no Azerbaijão, com destino a Grozni, na Chechênia.
Como foi o ataque
A declaração foi feita durante encontro com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev. Putin explicou que o incidente ocorreu após drones ucranianos entrarem no espaço aéreo russo, levando o sistema militar a acionar mísseis defensivos.
Segundo Putin, os projéteis não atingiram diretamente o avião.
“Os dois mísseis lançados não atingiram o avião diretamente, mas explodiram a cerca de 10 metros de distância”, disse.
Ele afirmou que o dano que provocou a queda teria sido causado por destroços dos mísseis. O presidente também relatou que o piloto chegou a reportar o impacto como “um bando de pássaros” às autoridades aéreas.
Aliyev, que na época do acidente acusou Moscou de tentar encobrir o ocorrido, agradeceu a transparência e o avanço da investigação durante o encontro.
Indenização e pedido de desculpas
Putin garantiu que o governo russo indenizará as famílias das vítimas e completou que o país dará encaminhamento jurídico ao caso.
“É nosso dever fazer uma avaliação objetiva de tudo o que aconteceu e identificar as verdadeiras causas”, declarou.
A Embraer 190 caiu a cerca de 3 km de Aktau, no Cazaquistão, após tentar pouso de emergência. Relatórios preliminares divulgados em fevereiro apontaram danos por “objetos externos”, mas ainda sem confirmação oficial sobre mísseis.
Relatórios e investigações
Fragmentos analisados pela investigação cazaque mostraram perfurações na cauda, fuselagem e winglets, além de danos no motor esquerdo, compatíveis com impacto de alta velocidade.
No Brasil, o Cenipa, responsável pela análise das caixas-pretas, entregou o material às autoridades cazaques em janeiro de 2025. A responsabilidade pelo relatório final é do Cazaquistão, e ainda não foi divulgada íntegra das gravações obtidas.
Dias após o acidente, a Rússia confirmou que três cidades estavam sob ataque de drones ucranianos e que sistemas antiaéreos foram acionados, hipótese que especialistas consideravam a mais provável desde o início. Agora confirmada por Putin, a derrubada reacende o debate sobre riscos de operação civil em regiões próximas ao conflito.