Reino Unido quer permitir união gay, sem forçar igrejas

Os casais gays já podem ter uniões civis, que conferem os mesmos direitos legais que o casamento.

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O Reino Unido apresentou na terça-feira planos para permitir o casamento de homossexuais, dividindo o Partido Conservador, do primeiro-ministro David Cameron, e provocando entre grupos religiosos receios de que sejam forçados a celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Os casais gays já podem ter uniões civis, que conferem os mesmos direitos legais que o casamento. Mas, segundo ativistas, a distinção dá a impressão de que a sociedade vê os relacionamentos gays como sendo inferiores aos heterossexuais.

Cameron enfatizou que é fortemente a favor do casamento homossexual, mas que não pretende forçar os deputados de seu partido a votar em favor da legislação, que será válida para a Inglaterra e o País de Gales e será instaurada ao término do mandato do Parlamento atual, em 2015. A Escócia tem planos distintos para o casamento homossexual.

Entre os adversários da medida estão a Igreja Anglicana e vários membros do próprio partido de Cameron.

"A cada século o Parlamento tem agido, às vezes de modo radical, para assegurar que o casamento reflita nossa sociedade, para mantê-lo relevante", a secretária da Cultura, Maria Miller, disse ao Parlamento. "Para mim, dar a casais homossexuais o direito de se casarem vai fortalecer esta instituição vital, não enfraquecê-la, e a resposta que estou divulgando hoje deixa claro que vamos possibilitar que casais homossexuais se casem em cerimônia civil", disse ela. "E vamos possibilitar que as organizações religiosas que queiram realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo o façam."

Mas Miller deixou claro que, pelas propostas, ainda será ilegal que igrejas pertencentes à Igreja Anglicana casem casais gays --uma exclusão que a própria Igreja Anglicana solicitou.

Outros grupos religiosos, como os quakers e grupos judaicos liberais, podem optar por casar gays, mas, pelos termos da proposta, nenhum pastor individual será obrigado a realizar o casamento de um casal homossexual.

O grupo Stonewall, de defesa dos direitos dos homossexuais, saudou a legislação. "Estamos muito satisfeitos com a declaração feita pelo governo e saudamos a promessa de legislar em favor do casamento igual, tanto quanto a saudamos nas três ocasiões anteriores em que este anúncio foi feito", disse o executivo-chefe do Stonewall, Ben Summerskill.

"Respeitamos plenamente o ponto de vista de quem se opõe aos planos do governo. Nosso conselho a essas pessoas é que, se você não aprova o casamento homossexual, tome o cuidado de não se casar com alguém do mesmo sexo", ele acrescentou.

A iniciativa de legalizar o casamento gay foi tomada após uma consulta pública sobe o assunto. Está sendo vista por analistas políticos como uma maneira de Cameron alargar a base de apoio de seu Partido Conservador, de centro-direita, e reforçar seus valores liberais.

O casamento homossexual tem o apoio de muitos conservadores destacados e do Partido Liberal Democrata, parceiro de coalizão do Partido Conservador, além do oposicionista Partido Trabalhista. Mas o plano enfrentou oposição acirrada de alguns parlamentares conservadores, por razões religiosas e porque, segundo eles, lhe falta uma base democrática.

Alguns dizem também que, num momento de debilidade econômica e cortes nos gastos, há questões mais urgentes a tratar que o casamento gay.

"Antes de mais nada sou cristão, e não acredito na redefinição do casamento", disse o deputado conservador Peter Bone. "Milhões de pessoas em todo o país compartilham minha visão." "Contudo, meu argumento é o seguinte. Reli os manifestos dos partidos Conservador, Trabalhista e Liberal Democrata, além do acordo da coalizão. Não é dito nada sobre a redefinição do casamento; logo, não existe base democrática para a decisão."

As pesquisas de opinião sobre a questão tiveram resultados mistos. Onze outros países já legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na semana passada, a Suprema Corte dos EUA mergulhou no debate pela primeira vez, concordando em rever duas contestações a leis federais e estaduais que definem o casamento como uma união entre um homem e uma mulher.



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