A Rússia apresentou nesta segunda-feira (2) uma nova proposta de cessar-fogo à Ucrânia, com exigências duras e já rejeitadas anteriormente, durante a segunda rodada de negociações diretas entre os países, realizada em Istambul, na Turquia. O memorando russo pede que 20% do território ucraniano, incluindo Crimeia, Lugansk, Donetsk, Zaporizhzhia e Kherson, seja reconhecido como parte da Rússia.
Além disso, Moscou exige a retirada completa das forças ucranianas dessas regiões, o fim do fornecimento de armas e inteligência por países ocidentais, a realização de eleições nacionais e restrições severas ao tamanho e armamento do Exército ucraniano. Também foi incluída a proibição da Ucrânia de possuir ou abrigar armas nucleares.
Reações e impasses
A Ucrânia ainda não respondeu oficialmente ao documento, mas já havia rejeitado exigências semelhantes no passado. Segundo o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, o texto será analisado nos próximos dias, e uma nova rodada de negociações está marcada para o fim de junho.
Enquanto isso, os ataques continuam. No domingo (1º), véspera da reunião, a Ucrânia realizou um ataque inédito com drones escondidos em caminhões contra bases militares em solo russo, destruindo cerca de 40 aviões de guerra. Em resposta, a Rússia lançou 472 drones contra cidades ucranianas, no maior bombardeio do tipo desde o início do conflito.
Troca de prisioneiros e tensões
Apesar do clima de confronto, os dois lados concordaram em realizar uma nova troca de prisioneiros, priorizando feridos graves, jovens de até 25 anos e doentes. Também foi discutida a devolução de 6 mil corpos de soldados e a repatriação de crianças ucranianas deportadas para a Rússia, um dos pontos mais delicados das conversas.
Segundo o Kremlin, caso suas condições sejam aceitas, haveria assinatura de um acordo de paz, fim das sanções e retomada das relações econômicas, incluindo o fornecimento de gás.
Futuro indefinido
As condições impostas por Moscou são vistas como inaceitáveis por Kiev, que pede o fim total da ocupação russa, além de garantias de segurança internacionais, como a proteção da Otan, exigência que a Rússia rejeita. A entrada da Ucrânia na aliança militar, inclusive, foi curiosamente omitida do novo memorando russo.
O conflito, iniciado em fevereiro de 2022, já deixou dezenas de milhares de mortos e segue sem uma perspectiva clara de encerramento. O cenário militar e diplomático continua imprevisível, e os ataques recentes apenas aumentam a tensão em torno das negociações.