Temendo demissões, FBI processa EUA contra perseguições de investigadores

Agentes federais temem perder o emprego ou sofrer retaliações de apoiadores de Trump. Procuradoria-Geral exigiu lista de funcionários que investigaram ataque ao Capitólio.

Manifestantes se agrupam durante evento da invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 | Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz
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Dois grupos de funcionários do FBI entraram com um processo contra o Departamento de Justiça dos Estados Unidos nesta terça-feira (4) para barrar a divulgação de uma lista contendo os nomes dos agentes que atuaram na investigação dos ataques ao Capitólio, ocorridos em 6 de janeiro de 2021. De acordo com a agência Reuters, uma relação com informações sobre os funcionários já foi encaminhada para a Procuradoria-Geral.

invasão ao congresso

Naquela data, centenas de apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o Congresso em uma tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020. O ataque resultou na morte de cinco pessoas e deixou cerca de 140 policiais feridos.

Desde então, mais de 1.500 indivíduos foram investigados criminalmente. Em seu retorno à Casa Branca, em 20 de janeiro deste ano, Trump concedeu perdão presidencial a todos os condenados e determinou que a Procuradoria-Geral buscasse o arquivamento dos processos ainda em andamento.

demissões

Na última sexta-feira, o procurador-geral adjunto interino dos Estados Unidos, Emil Bove, ordenou a demissão de oito altos funcionários do FBI e de aproximadamente 17 promotores que atuaram nos casos relacionados ao ataque de 6 de janeiro. Além disso, determinou que a liderança do FBI entregasse uma lista com todos os servidores envolvidos na investigação. Segundo a Reuters, a Procuradoria-Geral já recebeu um documento contendo os números de identificação dos funcionários, mas o Departamento de Justiça ainda não informou o destino da lista.

Diante da situação, agentes do FBI decidiram recorrer à Justiça, alegando na petição que Bove teria a intenção de identificar profissionais para puni-los ou demiti-los.

"Os requerentes temem, de forma razoável, que toda ou parte dessa lista possa ser divulgada por aliados do presidente Trump, colocando-os e suas famílias em perigo imediato de retaliação por parte dos condenados de 6 de janeiro, agora perdoados e em liberdade", afirma o processo.

O diretor interino do FBI, Brian Driscoll, informou que a lista solicitada incluiria milhares de servidores, incluindo ele próprio. De acordo com estimativas internas, cerca de 6.000 funcionários participaram da investigação.

No último fim de semana, os funcionários do FBI receberam um questionário solicitando informações detalhadas sobre seu envolvimento nos casos de 6 de janeiro, com prazo de resposta até a tarde de segunda-feira (3).

Mesmo antes da divulgação da lista, alguns agentes do FBI já estão sendo alvos de perseguição online, promovida por indivíduos investigados pelo ataque ao Capitólio. Um dos casos envolve Shane Jenkins, condenado a sete anos de prisão por lançar objetos contra policiais e quebrar uma janela do prédio com um machado.

"Aqui estão os meus promotores. Vamos garantir que essas pessoas sejam demitidas!", escreveu Jenkins, mencionando o agente do FBI responsável por seu caso, além do juiz.

Os apelos por retaliação acontecem em um cenário de aumento das ameaças e da violência política nos Estados Unidos. Nos últimos anos, juízes e promotores envolvidos em processos contra Trump têm recebido dezenas de mensagens intimidatórias.

De acordo com levantamento da Reuters, desde o ataque ao Capitólio, foram registrados mais de 300 episódios de violência política, resultando em pelo menos 25 homicídios e 46 vítimas.

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