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Trump amplia auto-homenagens e testa democracia, avalia analista

Descubra como Donald Trump tem se auto-homenageado em seu governo, uma prática inédita que desafia a democracia dos EUA e gera controvérsia. Entenda o impacto!

Donald Trump | Foto: Reprodução/Agência Brasil
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Em menos de um ano de governo, o presidente Donald Trump passou a homenagear a si mesmo em diversas ocasiões e anúncios, numa tentativa de marcar território e deixar seu nome — literalmente — na história.

Trump incluiu o próprio nome no plano de paz para a guerra na Faixa de Gaza, em órgãos importantes dos Estados Unidos e em iniciativas anunciadas por seu governo, o que frequentemente gera controvérsia e críticas.

A mais recente dessas ações foi o anúncio de uma nova frota de navios de guerra da Marinha dos EUA, que levará o nome de Trump. Outra renomeação de grande repercussão foi a do Kennedy Center, importante centro cultural localizado na capital Washington, D.C.

Para Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo Iuperj e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, essa onda de auto-homenagens promovida por Trump é sem precedentes na história dos Estados Unidos.

Segundo ele, a prática coloca à prova os freios e contrapesos da democracia americana e reflete uma tentativa de autoafirmação após a derrota na eleição de 2020 — algo raro para um presidente em exercício — e a condenação no caso Stormy Daniels.

“É uma coisa muito incomum, não só nos EUA, mas em países democráticos de maneira geral. Para encontrar algo parecido, é preciso olhar para ditaduras quase folclóricas, como o caso da Coreia do Norte”, afirmou Santoro ao g1.

Essa sequência de homenagens que Trump faz a si mesmo neste segundo mandato à frente da Casa Branca é inédita na história dos Estados Unidos e contribui para a percepção de que a democracia americana atravessa uma crise, afirmou o professor ao g1.

Com essa nova postura considerada “folclórica”, que difere até mesmo de seu primeiro mandato, Trump rompeu com uma tradição de homenagens póstumas, originada de um acordo informal entre governantes dos EUA baseado no bom senso. Segundo Santoro, Trump “implodiu” esses entendimentos informais, sem que haja paralelo com qualquer outro presidente americano.

Além disso, a Constituição dos Estados Unidos não proíbe um governante de batizar instituições, políticas ou iniciativas com o próprio nome — brecha da qual Trump se aproveitou, segundo Santoro. No Brasil, a situação é diferente, já que as ditaduras funcionaram como uma espécie de “vacina” contra esse tipo de comportamento, vetado pela Constituição de 1988.

“Trump não esperou a própria morte e já está se auto-homenageando em vida. É algo surpreendente, mas uma explicação possível para isso, assim como para muitos comportamentos neste novo mandato, é a vontade de se autoafirmar, quase como uma vingança pelos traumas que ele viveu nos últimos anos”, concluiu Santoro.

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