Trump reverte políticas climáticas e afeta justiça ambiental nos EUA

O governo mirou na emissão de veículos e usinas de energia, além do fechamento de escritórios de justiça ambiental

Trump revogou regras climáticas e fecha escritórios nos EUA | Foto: MANDEL NGAN / AFP
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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira a reversão de várias políticas climáticas chave, incluindo regras que abordam as emissões de veículos e usinas de energia, além do fechamento de escritórios de justiça ambiental responsáveis pelo monitoramento da poluição em comunidades vulneráveis. 

DESREGULAMENTAÇÃO AMBIENTAL

A Agência de Proteção Ambiental (EPA) revelou que vai eliminar normas que incentivavam os setores de eletricidade e fabricação de automóveis a adotar fontes de energia mais limpas. Além disso, o departamento se prepara para reavaliar uma descoberta científica fundamental que sustentou a regulamentação federal destinada à redução da poluição climática, de acordo com informações da CNN. 

A EPA também planeja desmantelar uma norma do governo do ex-presidente Joe Biden que incentivava as montadoras americanas a aumentar a produção de carros elétricos e híbridos, segundo a mesma rede de notícias.

Essas mudanças ocorreram logo após Trump exibir carros elétricos da Tesla na Casa Branca, apresentados por Elon Musk, seu aliado e chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge). Apesar das críticas à Tesla devido a acidentes recentes com seus veículos, Trump prometeu comprar um modelo para si.

Durante a corrida eleitoral, Trump havia se posicionado contra os veículos elétricos, mas sua postura suavizou-se após estreitar os laços com Musk.

FECHAMENTO DE ESCRITÓRIOS DE JUSTIÇA AMBIENTAL

Outra decisão importante foi o fechamento de escritórios de justiça ambiental, que monitoram a poluição em comunidades de baixa renda e minorias nos Estados Unidos, incluindo a famosa região "Cancer Alley" na Louisiana, onde a poluição do ar excede os limites permitidos devido à proximidade com áreas de extração de petróleo e refinarias.

A medida, que afeta os 10 escritórios regionais e a sede da agência, foi inicialmente relatada pelo New York Times e confirmada pelo chefe da EPA, Lee Zeldin, nesta quarta-feira. 

"O problema é que, em nome da justiça ambiental, uma fortuna foi enviada a grupos ativistas de esquerda — disse ele aos repórteres. — O presidente Trump quer que ajudemos a inaugurar uma era de ouro nos Estados Unidos que seja para todos os americanos, independentemente de raça, gênero, origem", declarou Zeldin.

REAÇÕES DE GRUPOS AMBIENTALISTAS

A decisão gerou fortes críticas de grupos ambientalistas. Chitra Kumar, da Union of Concerned Scientists, comentou:

"O presidente Trump e seus aliados não têm nenhuma consideração pelo bem-estar das pessoas que vivem nos Estados Unidos e se preocupam apenas em proteger os lucros dos poluidores — afirmou. — Essa medida abominável deixará aqueles que vivem, trabalham, estudam e se divertem perto de indústrias poluidoras, tráfego formador de fumaça e cursos d'água e solo contaminados, com pouco apoio da própria agência da qual dependem para fazer cumprir a lei de proteção".

A administração Biden, por outro lado, fez da justiça ambiental uma das principais diretrizes de sua agenda verde. A iniciativa Justice40 — revertida por Trump — tinha como objetivo direcionar 40% dos investimentos federais em clima, energia limpa e moradia acessível para as comunidades mais marginalizadas.

Além disso, a Lei de Redução da Inflação, assinada por Biden, alocou US$ 3 bilhões para o Escritório de Justiça Ambiental e Direitos Civis Externos, criado pelo ex-presidente republicano George H.W. Bush em 1992.

CORTES DE SUBSÍDIOS

Na última segunda-feira, a EPA anunciou o corte de 400 subsídios, totalizando US$ 1,7 bilhão, de programas de justiça ambiental. Na semana anterior, o Departamento de Justiça de Trump também desistiu de um processo contra a Denka Performance Elastomer, relacionado à sua fábrica de neoprene em LaPlace, Louisiana. Localizada na "Cancer Alley", a fábrica é responsável por uma grande parte da produção petroquímica dos EUA e está associada a uma das maiores taxas de câncer no país devido à poluição do ar.

REDUÇÃO DE PESSOAL

Além disso, a EPA anunciou que planeja reduzir em 65% sua força de trabalho, atualmente composta por cerca de 15 mil funcionários, deixando aproximadamente 5 mil empregados. Lee Zeldin, chefe da agência, informou que "algumas centenas" de funcionários em estágio probatório já haviam deixado a EPA, e os demais estavam sendo solicitados a justificar suas posições. Zeldin explicou:

"Quero saber o que cada funcionário definiria como sua descrição de trabalho, o que eles acreditam ser seu trabalho, quem eles acreditam ser seu supervisor, o que eles acreditam ser o trabalho de seu supervisor", disse ele. "Essas respostas ajudarão a determinar as próximas rodadas de cortes de pessoal".

Com informações de O Globo

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