A relação entre os Estados Unidos e a Ucrânia passou por um momento de forte tensão após um bate-boca entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca. Em um pronunciamento posterior, o presidente ucraniano destacou que a guerra contra a Rússia "ainda está muito, muito longe de acabar"**, reforçando a necessidade contínua de apoio internacional.
ZELENSKY MANTÉM OTIMISMO SOBRE APOIO DOS EUA
Apesar da troca de farpas com Trump, Zelensky expressou confiança na aliança entre Kiev e Washington. "Acho que nosso relacionamento com os Estados Unidos continuará, porque é mais do que ocasional", afirmou o líder ucraniano. A declaração ocorre em meio a preocupações sobre o futuro do suporte militar e financeiro dos EUA à Ucrânia.
Nesta segunda-feira (3), durante uma coletiva na Casa Branca, Trump reagiu às declarações de Zelensky, sugerindo que o líder ucraniano não estaria realmente interessado no fim do conflito. "É melhor ele não estar tão certo sobre isso", disse o presidente americano.
EUROPA DEVE AUMENTAR AJUDA HUMANITÁRIA
Diante da incerteza sobre o posicionamento dos EUA, a Europa pode ser obrigada a intensificar seu financiamento militar e econômico à Ucrânia. Durante um encontro de líderes europeus em Londres, o consenso foi de que o Velho Continente precisará assumir um papel mais ativo no conflito, já que há dúvidas sobre a estratégia de Trump para encerrar a guerra.
O futuro chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, comentou sobre a reunião no Salão Oval, sugerindo que a escalada do embate não foi acidental. "Minha avaliação é que não foi uma reação espontânea às intervenções de Zelensky, mas aparentemente uma escalada induzida nesta reunião no Salão Oval", afirmou.
Merz também enfatizou a necessidade de maior autonomia europeia em questões de defesa. "Eu defenderia que nos preparássemos para ter que fazer muito, muito mais pela nossa própria segurança nos próximos anos e décadas", alertou.
TRUMP ACUSA ZELENSKY DE NÃO QUERER PAZ
Após as declarações do presidente ucraniano, Trump fez um pronunciamento contundente em sua plataforma Truth Social, criticando Zelensky e insinuando que ele deseja prolongar a guerra.
"Esta é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelensky e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!", declarou Trump.
O presidente americano também destacou a dependência da Ucrânia do suporte dos EUA. "A Europa, na reunião que teve com Zelensky, declarou categoricamente que não pode fazer o trabalho sem os EUA", afirmou, sugerindo que os países europeus não têm capacidade militar suficiente para sustentar a guerra contra a Rússia.
DISCUSSÃO TENSA NA SALA OVAL
O embate entre Trump e Zelensky ocorreu durante uma reunião aberta à imprensa na Casa Branca, na última sexta-feira (28). O presidente dos EUA começou o encontro cumprimentando Zelensky, mas em tom irônico, fazendo uma piada sobre sua vestimenta militar.
Durante a conversa, Trump sugeriu que a Ucrânia aceitasse "concessões" para encerrar a guerra. Zelensky, no entanto, foi categórico ao recusar qualquer negociação que envolvesse ceder território à Rússia. O líder ucraniano ainda exibiu imagens do conflito e chamou Putin de "assassino", o que elevou ainda mais a tensão no ambiente.
A situação ficou ainda mais delicada quando o vice-presidente americano, J.D. Vance, interveio para tentar acalmar os ânimos, defendendo uma abordagem diplomática.
Poucas horas após a reunião, Trump voltou a atacar Zelensky em suas redes sociais:
"Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje", escreveu no Truth Social.
"É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelensky não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero paz. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", concluiu o republicano.
ACORDO DE MINERAIS RAROS É SUSPENSO
O impasse diplomático entre os dois líderes teve consequências imediatas. A assinatura de um acordo entre os EUA e a Ucrânia sobre minerais raros foi suspensa, segundo um assessor da Casa Branca.
O acordo permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso a recursos minerais estratégicos do solo ucraniano em troca do suporte militar e financeiro fornecido ao país ao longo dos últimos três anos. No entanto, diante do desentendimento entre os líderes, a negociação não avançou.
Com informações do Estadão Conteúdo via R7