Mãe de Isabella Nardoni quer indenização por peça de teatro

Advogado de companhia teatral afirma que irá recorrer da decisão.

Avalie a matéria:
|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A ação que levou à suspensão na sexta-feira (1º) da peça teatral ?Edifício London?, que tem como base o caso da menina Isabella Nardoni, morta em março de 2008, pede também uma indenização por danos morais à mãe da menina, Ana Carolina de Oliveira. O processo é movido contra o autor da peça, Lucas Arantes, a editora que publicou o livro de mesmo nome e a companhia teatral Os Satyros. A peça estava prevista para estrear na noite de sábado (2).

De acordo com a advogada de Ana Carolina, Cristina Christo Leite, o pedido de indenização tem um caráter educativo. ?Assim como em outros processos, Ana Carolina não quer a indenização pelo dinheiro. Qualquer quantia recebida é sempre revertida a instituições de caridade, mas achei importante registrar o pedido pelo caráter punitivo e pedagógico?, explicou. Não foi fixado nenhum valor para a indenização, segundo Cristina.

Para a advogada, a peça trouxe sofrimento à mãe da pequena Isabella. ?É dito que a peça não foi baseada apenas no caso da Isabella, mas há uma referência direta ao Edifício London. Só os personagens não têm nomes, mas há toda a descrição e qualquer um associa a peça à Isabella. Foi um sofrimento muito grande para a Ana Carolina. Acho que ela não merece, depois de tudo que passou, ver a filha representada por uma boneca sem cabeça."

A peça é baseada no livro Edifício London, do jornalista Lucas Arantes, que também é escritor da peça. A direção é de Fabrício Castro.

O defensor Dinovan Dumas de Oliveira, que representa a Companhia de Teatro Os Satyros, afirmou que irá recorrer da decisão que suspendeu a peça, mas não comentou o pedido de indenização. ?Existe um pedido de indenização, mas não fomos ainda citados para responder e não é o momento judicial para isso?, disse.

A menina Isabella Nardoni foi morta em 29 de março de 2008. Para a acusação, a madrasta de Isabella a agrediu e o pai da menina a jogou da janela do sexto andar do prédio onde os dois moravam, na Zona Norte de São Paulo. Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados em 2010 por júri popular. Alexandre foi sentenciado a 31 anos, um mês e 10 dias de prisão. A pena de Jatobá foi de 26 anos e 8 meses de prisão.

Peça suspensa

A ação com o pedido da suspensão da peça, da circulação do livro e de indenização por danos morais foi protocolada na Justiça de São Paulo na semana passada, por Ana Carolina de Oliveira. ?Tivemos conhecimento da peça no dia 26 de fevereiro, entrei com o processo no Foro de Santana, mas houve um erro de interpretação e o caso foi encaminhado ao Foro Central. Por esse motivo precisei entrar com o recurso, na sexta-feira, e ficou decidido que ao menos por hora a peça está suspensa", afirma Cristina.

Após o recurso da advogada de Ana Carolina, na sexta-feira, o desembargador Fortes Barbosa, da 6ª Câmara de Direito Privado, atendeu a pedido da mãe de Isabella, que foi à Justiça alegando que a peça fere o direito de personalidade. Em sua decisão, o desembargador citou argumento da mãe de que a peça promove "verdadeira aberração", entre outros motivos, porque é lançada uma boneca decapitada por uma janela. A própria Ana Carolina se viu retratada na obra como "uma mulher despreocupada com a prole e envolvida com a vulgaridade". A multa determinada pelo desembargador em caso de descumprimento foi de R$ 10 mil.

O advogado de defesa da Companhia de Teatro Os Satyros afirmou estar ?surpreso com a decisão que suspendeu a exibição da peça". ?A nossa contestação será protocolada entre esta segunda-feira e a manhã de terça-feira. Não quero adiantar os argumentos que vamos usar, mas posso dizer que a companhia está absolutamente consternada com a decisão e eu, como advogado, também estou surpreso porque, em pleno ano de 2013, a arte não tem a oportunidade de trazer para os palcos acontecimentos da realidade."

O advogado Dinovan Dumas de Oliveira argumenta ainda que a peça não é baseada apenas na história da pequena Isabella. ?A peça teve inspiração em outras tragédias, de Shakespeare, que também comoveram." Oliveira ressalta também que ?a peça é uma obra de ficção? e ?não cita o nome de absolutamente ninguém?. Para Cinthia, se houver recurso por parte da companhia de teatro, haverá novas contestações de sua cliente.

Questionado, o advogado da companhia teatral não soube informar se Ana Carolina de Oliveira foi consultada para a produção da peça ou do livro. A advogada de defesa da mãe de Isabella, no entanto, afirma que tomou conhecimento da obra por meio da imprensa.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES