Mais 3 reféns são libertados pelo Hamas em acordo de cessar-fogo com Israel

Reféns israelenses são soltos pelo Hamas em meio a tensões políticas, enquanto Israel libera prisioneiros palestinos em acordo mediado por EUA, Catar e Egito.

O israelnese Ohad Ben Ami, sendo libertado na Faixa de Gaza em 8 de fevereiro de 2025 | Foto: Jehad Alshrafi/ AP
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Após dias de incerteza sobre a continuidade do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, o grupo militante libertou, na manhã deste sábado (8), três reféns israelenses. A ação faz parte da última etapa da primeira fase do acordo, enquanto uma nova negociação está em andamento. A libertação chegou a ser ameaçada por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugerindo que os EUA deveriam assumir o controle da Faixa de Gaza após a guerra.

Os reféns libertados são:

  • Ohad Ben Ami e Eli Sharabi, sequestrados durante o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
  • Or Levy, capturado na rave realizada no sul de Israel no dia do ataque.

Reféns israelenses Eli Sharabi, Ohad Ben Ami e Or Levy, da esquerda para a direita, respectivamente. — Foto: Reuters 

Pela primeira vez, o Hamas montou um palco para exibir os reféns antes de entregá-los à Cruz Vermelha, que intermedeia a troca entre as partes. Os três israelenses estavam visivelmente mais magros, vestindo uniformes marrons e segurando um certificado simbólico. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, criticou a encenação e declarou: "Não vou ignorar o que foi visto hoje".

Como contrapartida, Israel libertará 183 prisioneiros palestinos, incluindo 18 condenados à prisão perpétua e 111 detidos em Gaza durante a guerra. Imagens de TV mostraram um ônibus transportando os primeiros prisioneiros libertados chegando a Ramallah, na Cisjordânia, onde foram recebidos por uma multidão com bandeiras palestinas.

A divulgação dos nomes dos prisioneiros a serem soltos ocorreu após o prazo estabelecido no acordo, segundo a imprensa israelense. Desde o início da trégua, o Hamas tem informado previamente a Israel os nomes dos reféns a serem libertados.

Tensões com os EUA e impacto no cessar-fogo

O cessar-fogo quase foi interrompido nesta sexta-feira (7) devido às declarações do presidente Donald Trump sobre Gaza. O líder americano afirmou que os EUA "assumiriam" o território após a guerra e que os palestinos seriam realocados para países vizinhos, como Egito e Jordânia. A proposta gerou críticas internacionais e aumentou a tensão no acordo.

O Hamas repudiou as falas de Trump, classificando-as como "racistas" e pedindo a união das facções palestinas contra os EUA. A reação do grupo levantou temores sobre o futuro do cessar-fogo e das negociações para libertação de reféns.

Um porta-voz do Fórum das Famílias de Reféns, principal associação de parentes dos sequestrados, relatou à AFP atrasos na comunicação sobre os nomes dos libertados, cobrando o governo israelense para pressionar o Hamas.

Próximos passos das negociações

O acordo de cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro e previa a libertação de vários reféns neste sábado, segundo agências internacionais. As negociações indiretas entre Hamas e Israel para uma segunda fase do acordo começaram na última terça-feira (4) no Catar, um dos mediadores, ao lado de Estados Unidos e Egito. O objetivo dessa nova etapa é garantir a libertação total dos reféns e um eventual fim definitivo da guerra em Gaza.

A proposta de Trump para que os EUA assumam o controle do território inclui a transferência da população de Gaza para outros países e a reconstrução da área. "A Faixa de Gaza será entregue aos Estados Unidos por Israel ao final da luta", escreveu Trump em sua rede Truth Social. No entanto, Egito e Jordânia rejeitaram com veemência a ideia.

A proposta do presidente americano coloca em risco a possibilidade de uma solução de dois Estados, amplamente defendida pela comunidade internacional, mas rejeitada por Israel. Desde seu retorno à Casa Branca em 20 de janeiro, Trump tem demonstrado apoio incondicional a Israel. Na quinta-feira, ele assinou uma ordem executiva para sancionar o Tribunal Penal Internacional (TPI), acusando-o de agir ilegalmente contra os EUA e Israel.

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