Marca de lanches usa laudo questionável sobre morte de garoto

Empresa tenta desviar debate sobre despreparo de funcionários

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Numa tentativa desesperada de minimizar o despreparo de seus funcionários e se esquivar das próprias responsabilidades, a rede de restaurantes Habib's decidiu abraçar um questionável laudo sobre a morte do menino João Victor. Tudo ocorreu no dia 26 em uma unidade da rede de fast-food na zona norte paulistana, após confusão envolvendo seguranças do restaurante e o jovem de apenas 13 anos de idade.  

Em comunicado divulgado na última quinta-feira (8), o Habib's  abraçou o laudo elaborado por um médico legista do Instituto Médico Legal (IML), que atesta a presença de substâncias análogas à cocaína no organismo do jovem e nega a existência de lesões no corpo de João Victor.

O documento foi questionado pelo perito particular Eduardo Llanos e pelo médico Levi Miranda. A dupla apontou falha do legista do IML por não ter considerado a existência de alimento no pulmão do adolescente ao discorrer sobre as circunstâncias da morte.

O fato de haver indagações acerca do laudo médico lembra que esse tipo de documento não representa um álibi definitivo para a rede de restaurantes hastear em sua defesa. E o fato de o Habib's tentar desviar o debate público para uma área estritamente técnica mostra, mais uma vez, como a rede de restaurantes despreza a vida do ser humano João Victor.

Remontemos aos fatos. O adolescente teve um mal súbito após tentar fugir de seguranças de um restaurante no bairro Vila Nova Cachoeirinha. Segundo consta no Boletim de Ocorrência, João Victor estava pedindo comida aos clientes da unidade e começou a apresentar “comportamento alterado”, chegando a ameaçar quebrar janelas do restaurante e de carros estacionados em frente ao local.

Os seguranças do estabelecimento entraram em ação e, ainda de acordo com o B.O, o garoto teria simplesmente caído desacordado. O SAMU foi acionado para fazer o resgaste, mas João Victor teve uma parada cardíaca enquanto era encaminhado ao pronto-socorro do hospital Mandaqui.

Imagens do circuito interno da loja, indicam que a intervenção dos seguranças não foi nada amistosa. No vídeo, o jovem aparece desacordado e sendo arrastado pelos funcionários, que depois ainda jogam o menino na calçada.

Em depoimento prestado ao 28º DP (Freguesia do Ó), que investiga o caso, uma testemunha confirmou ter visto João Victor sendo agredido pelos seguranças.

Os funcionários foram afastados e essa medida parecia demonstrar a preocupação da empresa com o esclarecimento dos fatos. Mas o visível esforço do Habib's em refutar suas responsabilidades em vez de reconhecer as próprias falhas revela que o afastamento dos funcionários pode ser apenas uma tentativa de desassociar o nome da empresa da morte do adolescente, fazendo com que os seguranças personifiquem, sozinhos, a culpa pela trágica morte de João Victor.



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