A médica Samira Mendes Khouri, de 27 anos, agredida brutalmente pelo então namorado, o fisiculturista Pedro Camilo Garcia, decidiu transformar a dor em um ato de renascimento. As tatuagens que ela havia feito em homenagem ao agressor foram cobertas por novos desenhos, que agora representam libertação e superação.
Antes e depois
Durante o relacionamento, Samira tatuou o nome de Pedro no braço, além de um beijo dele e a letra “P” no ombro. As marcas, que se tornaram dolorosas lembranças após a violência, foram substituídas por uma borboleta cercada por flores.
“Para mim era muito difícil olhar todo dia para o nome do meu agressor na minha pele. Hoje, olho para a tatuagem e sinto que ela foi ressignificada. Representa renascimento e libertação”, disse a médica.
O crime
As agressões ocorreram na madrugada de 14 de julho, em um apartamento alugado pelo casal em Moema, na capital paulista. Segundo o relato, Pedro chegou transtornado após ser expulso de uma festa e espancou a vítima até que ela fingisse estar desacordada para sobreviver.
Samira foi socorrida por policiais e internada até o dia 27 de julho. Pedro Camilo foi preso em Santos e teve a prisão preventiva decretada. Ele responde por tentativa de feminicídio qualificado por meio cruel e motivo fútil.
O processo de cobertura
A transformação das tatuagens foi realizada pela tatuadora Stella Sposito, que acolheu Samira no estúdio.
“Ela chegou como um pedido de socorro. A prioridade era cobrir os desenhos do braço, porque eram os que mais a faziam lembrar do que aconteceu”, contou a artista. O trabalho levou cerca de cinco horas. “Me senti tocada como mulher, por poder ajudar a curar um pedacinho dessa dor com a minha arte”, disse Stella, emocionada.
Recuperação e justiça
Após receber alta hospitalar, Samira se mudou para o interior de São Paulo, onde segue em tratamento com apoio da mãe e de uma equipe multidisciplinar. Ela ainda deve passar por cirurgia para enxerto ósseo ou colocação de prótese no rosto.
Enquanto isso, o agressor segue preso no CDP de São Vicente, após ter o pedido de habeas corpus negado pela Justiça. A defesa de Pedro informou que pretende recorrer ao STJ, enquanto a advogada da vítima destacou que a manutenção da prisão é fundamental para garantir a segurança de Samira e de sua família.