Mesmo com alta, pacientes podem persistir com sintomas da Covid-19

Há sinais de que, para as pessoas infectadas que apresentam sintomas mais graves, o processo de recuperação da covid-19 parece ser longo.

Pacientes covid-19 | Reprodução
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O Piauí possui mais de 28 mil casos confirmados do novo coronavírus e 25 mil pacientes recuperados, segundo dados da Secretaria de Saúde do estado do Piauí (Sesapi). Fora a quantidade de óbitos, que já ultrapassa 800, outro fator tem despertado preocupação de especialistas da saúde. Alguns pacientes, mesmo após a alta hospitalar, continuam apresentando alguns sintomas iniciais da doença, como a indisposição e ausência do paladar e olfato.

Pacientes mais graves podem apresentar  sitomas da Covid-19 por mais tempo - Foto: Divulgação

Um mês após sentir os primeiros sinais de contaminação do novo coronavírus, Cleóma Farias, 48, assistente social, ainda enfrenta os indicativos da doença. Tudo começou no dia 02 de junho, com um mal estar e incômodo na garganta. A partir desse dia, os sintomas se manifestaram de forma mais intensa e a assistente social chegou a ser transferida para um Hospital de Campanha em Teresina.

"Os primeiros sintomas foram incômodo na garganta, dor de cabeça, febre e dores no corpo. Após isso, tive dores nos olhos, falta de paladar e olfato (que até hoje não voltaram), muita tosse, fraqueza, e por último, o mais desesperador de todos, a falta de ar", frisa. 

Na primeira visita a uma Unidade Básica de Saúde (UBS), um médico receitou à assistente social a azitromicina e paracetamol. Cleóma não sofre de pressão alta ou outra comorbidade, mas isso não evitou que nos dias seguintes o quadro da doença piorasse a ponto dela ser levada às pressas para UBS do Monte Castelo, zona Sul de Teresina, apresentando muita tosse, febre, pressão 17x14 e falta de ar. No local, a assistente social fez o teste rápido que confirmou a doença.

Ela também chegou a ser transferida para o Hospital Campanha da Polícia Militar, e até hoje, em casa, Cleóma Farias segue em recuperação dos sintomas da Covid-19, ainda sem paladar e olfato.  Carlos Henrique Nery, médico infectologista, explica que algumas doenças infecciosas podem deixar sintomatologia mesmo após o desaparecimento do vírus. 

"Como é o caso da dengue, em que semanas depois as pessoas continuam sentindo mal-estar, depressão e uma série de sintomas. Assim como a chikungunya, que foi um exemplo de que as pessoas podem permanecer sintomáticas, nesse caso, com dor articular ou mesmo artrite e lesões de tendões e músculos por semanas, meses e até anos", disse Carlos Nery.

O infectologista aponta outro fato importante, o fenômeno chamado de "tempestade de citocina".  "As citocinas são mediadoras químicas protéicas e biológicas que têm uma ampla atuação no organismo, causando também nas próprias uma série de lesões no fígado, cérebro e nos músculos, levando um quadro de fixação de energia, perda protéica, hepatite, lesão renal, enfim, uma série de alterações importantes", completa Nery.

Principais queixas são fadiga e indisposição.

O infectologista afirma que ainda não temos estudos publicados sobre o pós-Covid-19 e demais informações que possam completar as inúmeras perguntas sobre a doença. Mas ressalta que muitos pacientes estão se queixando de um esgotamento, fadiga e demais sintomas.

 "Apesar de que a patologia ainda é conhecida de forma limitada, nós sabemos que ela pode afetar diversos tecidos como já informei. É possível que seja causada pela cetocina, seja pelas lesões reveladas na autópsia de pacientes que já faleceram, os pacientes podem sim ter lesões posteriores", expressa Carlos Nery. 

Quanto a essas lesões, informou ainda que não se sabe se elas são transitórias, se são apenas produtos das citocinas ou se são realmente lesões biológicas causadas por trombose, que são por exemplo, muito frequentes com pacientes com quadro grave da Covid-19.

Quanto às recomendações aos pacientes que recebem alta, o infectologista cinta que ele deve permanecer isolado de acordo com a recomendação médica e realizar acompanhamento médicos alguns dias depois  principalmente os que se queixam de algum mal-estar.

"Na minha visão, pelo menos após um mês de alta daqueles que foram internados se deve fazer uma visita médica para reavaliação", conclui Carlos Nery.

  É possível adoecer da Covid-19 mais de uma vez?

Isso ainda é motivo de muita especulação, mas ainda há poucas evidências concretas sobre a duração da imunidade à covid-19. Acredita-se que pacientes que tenham conseguido vencer o vírus provavelmente criaram imunidade a ele, embora não haja dados suficientes a respeito.

Há relatos de pacientes sendo infectados mais de uma vez, mas acredita-se que isso se deva a testagens incorretas. A questão da imunidade é uma das mais importantes no momento, para se entender quando medidas de isolamento social podem ser relaxadas e o quão eficientes serão as futuras vacinas contra o novo coronavírus.



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