Morte do filho de Cissa Guimarães completa um ano nesta quarta

Mascarenhas foi atropelado pelo estudante Rafael Bussamra, que disputava um racha no túnel Acústico.

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Cissa Guimarães e seu filho caçula Rafael Mascarenhas, morto em 20 de julho de 2010 | Uol
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A morte do músico Rafael Mascarenhas, 18, filho da atriz Cissa Guimarães, que completará um ano nesta quarta-feira (20), colocou em debate a utilização das vias públicas do Rio de Janeiro para a prática do skate. Enquanto grupos de esportistas e a própria mãe da vítima se mobilizam em favor da causa, a Justiça continuará em breve a apurar a culpabilidade dos envolvidos no trágico acidente que causou o óbito do rapaz.

Mascarenhas foi atropelado pelo estudante Rafael Bussamra, que disputava um racha no túnel Acústico, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. O local estava fechado para manutenção e era considerado um dos pontos favoritos dos skatistas que preferem praticar tal esporte em vias urbanas. Ele foi levado com vida para o hospital Miguel Couto, no Leblon, mas acabou não resistindo aos ferimentos.

O pai do estudante, Roberto Bussamra, também é réu no inquérito. Ele é acusado de oferecer dinheiro a policiais militares que faziam uma blitz próxima ao local do acidente.

Há um mês, Cissa participou de um ato público pela liberação da prática do skate na Praça XV, um dos símbolos históricos do centro do Rio - um decreto municipal de 1999 autoriza a Guarda Municipal a reprimir esse esporte em vias públicas.

Desde a morte do filho, a atriz se tornou "madrinha" dos skatistas e já cobrou publicamente o governo municipal a respeito do assunto.

Durante o ato, Cissa não segurou as lágrimas ao discursar para os manifestantes. Segundo ela, "skatista não pode ser visto como marginal".

Atualmente, a atriz luta por um projeto que pretende transformar o túnel Acústico, local do acidente, em uma espécie de galeria de arte urbana, na qual a prática do skate seja autorizada em horários pré-determinados.

"O projeto é que a gente possa fechar o túnel como se fecha a Vieira Souto [em Ipanema, na zona sul], como se fecha o Aterro do Flamengo [também na zona sul], para lazer. Para ter uma noite", explicou ela em entrevista ao programa do apresentador Jô Soares, em maio deste ano.

Em junho deste ano, Cissa afirmou à reportagem do UOL Notícias que a chamada "terapia do luto" foi fundamental para que ela conseguisse superar a dor causada pela perda do filho.

"Nosso mundo ocidental lida muito mal com a morte. Precisamos aprender a aceitá-la e transmutar esta dor em força. E é exatamente isso que a terapia do luto nos ensina", disse.

A atriz também afirma que o fato de ter voltado rapidamente ao trabalho a ajudou a se restabelecer depois da tragédia - além de integrar o elenco da novela "Morde e Assopra", da TV Globo, ela está em cartaz há mais de um ano como protagonista da peça "Doidas e Santas". No entanto, em entrevista à coluna Mônica Bergamo, da jornal "Folha de São Paulo", ela disse que não quer transformar a sua experiência pessoal em "exemplo de superação".

"Porque essa é uma bandeira que ficou: "Cissa, o exemplo". Eu tô fora!!! Não sou exemplo de superação de nada", afirmou.

Justiça adia audiência

A audiência do processo que apura a morte de Rafael Mascarenhas deveria ser concluída no dia 16 de junho, mas teve que ser adiada para o dia 17 de agosto. Insatisfeitos com a ausência do policial militar Alexandre dos Santos Restorff, os advogados dos réus Rafael Bussamra e de seu pai, Roberto Martins Bussamra, solicitaram o adiamento.

Foram ouvidas as três testemunhas indicadas pela defesa: o ex-chefe de investigações da 15ª DP (Gávea) Alexandre Estelita dos Santos e os policiais Sergio de Souza Leite e Marcos Pereira de Sousa. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o pai de Bussamra ofereceu dinheiro aos policiais para deixarem o local do acidente e, assim, ocultar possíveis pistas.

A audiência deve definir se o motorista do veículo que atropelou Mascarenhas será julgado por um júri popular. Para tal, a Justiça precisa confirmar a acusação de homicídio doloso, cuja pena pode variar de seis a 20 anos de prisão.

Rafael Bussamra é acusado dos crimes de homicídio doloso, corrupção ativa (duas vezes), fuga de local de acidente de veículo, participação em via pública de corrida automobilística não autorizada e fraude na pendência de procedimento policial. Já seu pai responde por corrupção ativa (duas vezes) e fraude na pendência de procedimento policial.

Racha em túnel interditado

De acordo com os relatos dos amigos da vítima João Pedro Costa, Luiz Marques e de um menor ? os três estavam andando de skate com o filho da atriz Cissa Guimarães no dia da tragédia ? e do gari Jadir dos Santos, funcionário da Comlurb que estava em serviço na ocasião, Bussamra estava apostando corrida com outro carro no momento do acidente. As testemunhas prestaram depoimento em março deste ano.

Segundo eles, os ocupantes dos veículos Fiat Siena, dirigido por Rafael Bussamra, e Honda Civic estavam gritando quando passaram do outro lado do túnel, que estava aberto, na direção Gávea-São Conrado. Menos de cinco minutos depois, contaram eles, os dois carros teriam atravessado a passagem de emergência do túnel e foram para o lado contrário da via, que estava interditado.

O veículo estava a quase 100 km/h e Mascarenhas foi arremessado a uma distância de cerca de 50 metros, morrendo horas depois no hospital.

João Pedro, Luiz e o menor afirmaram que encostaram no muro do túnel, mas Mascarenhas, que era o único que estava na pista fazendo manobras, não teve tempo de correr. Ainda segundo eles, o jovem foi atingido quando o carro dirigido por Bussamra tentava ultrapassar o Honda Civic. As testemunhas afirmaram ter certeza de que os veículos estavam apostando corrida no momento do atropelamento.

A Justiça também ouviu em março deste ano seis testemunhas de defesa, entre elas Moisés Ferreira, operador de tráfego de plantão na noite do acidente; Paulo Sérgio, lanterneiro que confirmou que o Fiat Siena foi levado no dia seguinte à oficina onde ele trabalha para ser consertado; Armando Natalino, que trabalha na administração do túnel; e André Liberal de Almeida, que estava no carro com Bussamra.

Almeida contou que, após atravessarem a passagem de emergência, eles viram os três rapazes com os skates se encostando no muro. Porém, quando viram Mascarenhas, não haveria mais tempo para frear. A testemunha de defesa disse que eles não sabiam que o túnel estava fechado naquela direção.

Ainda de acordo com Almeida, os carros pararam e chamaram ajuda. Eles então teriam encontrado dois policiais militares, que os revistaram e os mandaram entrar no carro da polícia. Depois de rodarem por um tempo, contou, o pai e o irmão de Bussamra foram encontrar-se com eles, conversaram com os policiais e chamaram um reboque para levar o carro, que tinha sido abandonado em um posto de gasolina.

Almeida disse não saber o que foi conversado entre a família Bussamra e os policiais.



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