Na pandemia, fome atinge 19 milhões de brasileiros

Pesquisa indicou que a insegurança alimentar grave alcançou 12% dos domicílios na área rural, contra 8,5% em área urbana

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Inquérito sobre fome no Brasil | Divulgação
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Estudo realizado pela Rede PENSSAN em áreas rurais e urbanas nas cinco regiões brasileiras, com apoio do Instituto Ibirapitanga e parceria de ActionAid Brasil, Fundação Friedrich Ebert Stiftung e Oxfam Brasil, aponta que mais da metade das residências brasileiras conviveu com algum grau de insegurança alimentar nos três meses anteriores ao período de coleta, feita em dezembro de 2020

Especialistas apontam que com a redução do auxílio, o quadro deve piorar. Na pesquisa, 55,2%), que representa mais de 116,8 milhões de pessoas, conviveram com algum grau de insegurança alimentar e 9% deles, ou seja, 19 milhões de lares,  vivenciaram a insegurança alimentar grave.

Segundo Inquério Nacional de Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, lançado nesta segunda-feira, 5, o número representa um retrocesso ao nível observado em 2014, após lançamento do programa Fome Zero.

As informações correspondem aos três meses anteriores à coleta de dados, entre os dias 5 e 24 dezembro de 2020, em amostra representativa de 2.180 domicílios das cinco regiões brasileiras, em áreas rurais e urbanas. 

A pesquisa é conduzida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), constituída por pesquisadores, professores, estudantes e profissionais, com apoio do Instituto Ibirapitanga e parceria da ActionAid Brasil, da Fundação Friedrich Ebert Stiftung e da Oxfam Brasil.

Inquérito nacional sobre fome no Brasil (Divulgação)

A pesquisa foi realizada no período em que o Auxílio Emergencial, concedido a 68 milhões de brasileiros, tinha sido reduzido pela metade (de R﹩ 600 mensais para R﹩ 300 mensais). Em 2021, de janeiro a março, a população que vinha sendo atendida pelo auxílio ficou sem o amparo. Uma nova rodada começará a ser paga nos próximos dias, mas para um público mais restrito e em valores ainda menores: variam de R﹩ 375 (para famílias chefiadas por mulheres) a R﹩ 150 (para quem mora sozinho).

Destaques da pesquisa

- Na pandemia, a fome se fez mais presente justamente entre as famílias com menor renda familiar per capita. Ainsegurança alimentar moderada e grave desaparece em domicílios com renda familiar mensal acima de um salário mínimo por pessoa. Mais de ¾ desse grupo (76,6%) está em condições de segurança alimentar. 

- Existe fome em 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres, e outros 15,9% enfrentam insegurança alimentar moderada. Quando a pessoa de referência é um homem, os números são menores: a fome atinge 7,7% dos domicílios, e outros 7,7% estão na situação de insegurança alimentar moderada.

- Pessoas pretas ou pardas enfrentam insegurança alimentar grave - ou seja, passam fome - em 10,7% dos domicílios. O percentual é de 7,5% em domicílios de pessoas de raça/cor da pele branca. A insegurança alimentar moderada também revela esse desequilíbrio: 13,7% para pessoas de raça/cor da pele preta ou parda, e 8,9% para pessoas de raça/cor da pele branca.

- No Norte e no Nordeste, a fome chega a, respectivamente, 18,1% e 13,8% dos domicílios. Esses percentuais não chegam a 7% nas demais regiões do país, e superam o dado de 9% referente a todo território nacional. Passa-se mais fome no Norte e Nordeste do que em outras regiões.

- Pesquisa indicou que a insegurança alimentar grave alcançou 12% dos domicílios na área rural, contra 8,5% em área urbana.  Nas áreas rurais, a proporção de domicílios classificados em situação de insegurança alimentar grave dobra quando não há disponibilidade adequada de água para a produção de alimentos (21,1% para 44,2%).

Sobre a Rede PENSSAN

A Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), criada em 2012, congrega pesquisadoras(es), professores, estudantes e profissionais de todo o país na forma de uma rede de pesquisa e intercâmbio científico independente e autônoma em relação a governos, partidos políticos, organismos nacionais e internacionais e interesses privados. 



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