No sul da Bahia, a família de um homem que morreu neste fim de semana não consegue enterrar o corpo porque, para a Justiça, ele já estava morto desde 2012.
O pescador Pedrito de Jesus Conceição, de 35 anos, passou dez meses tentando provar à Justiça que estava vivo. Em agosto de 2012, os irmãos de Pedrito reconheceram por engano o corpo de outro homem como sendo o dele. A família chegou a fazer o enterro e uma certidão de óbito foi emitida no nome do pescador.
A irmã de Pedrito, Clícia Conceição, conta: ?Oito dias mais ou menos meu irmão estava me ligando, eu fiquei com medo. Ele falou: ?Então você enterrou o cara errado porque eu estou vivo?.?
Há duas semanas, o juiz Gláucio Klipel, da quarta Vara Cível de Itabuna, deu uma sentença determinando a anulação da certidão de óbito. O cartório tinha quinze dias para fazer a correção, mas Pedrito morreu treze dias depois, antes de vencer o prazo. Ele foi assassinado na madrugada de domingo (4) em Itabuna. O corpo do pescador está no Departamento de Polícia Técnica.
A família fez o reconhecimento, mas como eles reconheceram a pessoa errada no ano passado, o Departamento de Polícia Técnica de Itabuna vai comparar as digitais de Pedrito com as impressões da carteira de identidade. O corpo só vai ser liberado para enterro quando a família receber do cartório a anulação da certidão de óbito antiga.
"Foi erro ter enterrado o corpo que não era ele, mas pelos menos se eles vissem o nosso lado... A gente não quer dinheiro do outro velório, a gente quer a liberação do corpo dele", diz o irmão do pescador Weldes de Jesus.