Transformado em cruzamento para dar mais fluidez ao trânsito, o antigo Balão da Tabuleta - que intercepta as Avenidas Barão de Gurgueia e Presidente Getúlio Vargas, na zona Sul de Teresina - se tornou alvo de manobras inapropriadas por parte dos condutores de veículos e tem rendido dores de cabeça para quem trafega na área.
Apesar de permitir o trajeto de veículos em linha reta, sem possibilidade de conversão, o local é cenário de diversas manobras indevidas, especialmente retornos proibidos. A prática congestiona o trânsito e coloca outras pessoas em risco, tendo em vista o número constante de acidentes na área.
A obra conseguiu reduzir significativamente o engarrafamento no entorno do bairro Tabuleta e do Posto Fiscal do Estado, localizado nas proximidades. Mas a imprudência de alguns condutores, aliada à pouca fiscalização no cruzamento, tem atrapalhado bastante quem precisa passar por ali. “A gente vê conversão e acidente o tempo inteiro. Virou rotina, já. Dia desses um senhor estava vindo da avenida Henry Wall de Carvalho e tentou pegar a avenida que vai pra Timon, e não pode. O carro dele colidiu com uma van do transporte alternativo e foi a maior confusão.
Ele perdeu todas as frutas que levava no veículo, pois elas foram esmagadas no impacto ou estraçalhadas pelos carros que passavam na hora. Os passageiros da van saíram revoltados, pois o motorista estava certo, mas muitos tiveram ferimentos leves e um deles precisou ser socorrido pela ambulância”, lembra a feirante Maria Arlete, que possui um pequeno comércio nos arredores do cruzamento.
“Sempre que tem um acidente aqui, o trânsito piora demais. Pior que os carros são as carretas que fazem curvas erradas.
Elas chegam pela parte Leste da BR-343 e dobram no cruzamento para abastecer no posto de gasolina que fica do outro lado da rua. Para você ter uma ideia, até a placa que proíbe fazer curva eles já arrancaram, porque nem espaço para fazer a conversão aqui tem. O negócio está sério, ninguém respeita as leis de trânsito. Eu que trabalho com transporte de pessoas fico cada vez mais receoso em pegar a pista, porque a falta de respeito está demais”, ressalta o mototaxista Paulo Renato.
Segundo o relatório anual da Companhia Independente de Policiamento de Trânsito (Ciptran), as faltas gravíssimas foram as mais cometidas pelos condutores teresinenses. Foram 14.557 punições aplicadas em 2014. Apesar das visíveis infrações, a fiscalização da via não é feita a contento. A Polícia Rodoviária Federal, que deveria monitorar o trecho, não realiza rondas de rotina na área e os motoristas ficam desinibidos para manobrar de forma errônea.
“Lembro que uma vez eles aplicaram multas e foram atrás de todos que fizeram conversão errada. Mas só fizeram isso porque já estavam aqui fazendo a perícia de outro acidente”, lembra o mototaxista que trabalha na área.
Procurado pela equipe do Jornal Meio Norte, o representante da Polícia Rodoviária Federal, inspetor Almir Bilho, está ciente das infrações cometidas neste e em outros pontos da cidade que são de responsabilidade do órgão.
Entretanto, a Polícia não dispõe de infraestrutura necessária para monitorar satisfatoriamente. Devido às limitações reais, o trabalho de fiscalização é feito por demanda, já que a Polícia Rodoviária atua em capacidade máxima e há alguns anos não são feitos investimentos. De acordo com o inspetor, a solução definitiva para o problema não está nas mãos da PRF.
PRF não recebe investimentos há anos
Segundo o inspetor Almir Bilho, o aumento exponencial da frota estrangula o trabalho de monitoramento de todos os órgãos envolvidos. A falta de planejamento urbano também é outro empecilho, pois hoje muitos carros circulam em ruas e avenidas que possuem menor vazão de veículos. E a implantação de faixas exclusivas para ônibus só estimula o condutor a procurar soluções alternativas para driblar a morosidade do trânsito. Neste caso, geralmente envolve cometer alguma infração de trânsito.
“Nossa estrutura está sobrecarregada, pois há anos não recebemos investimentos. O que é uma falta grave, pois a frota de veículos aumentou exponencialmente em 10 anos, enquanto não foi destinado nada para a PRF. A demanda do usuário cresceu muito e não nos deram estrutura para solucionar este problema. Se não há novos veículos, como será possível fazer monitoramento de ruas e avenidas? Estamos de mãos atadas e não há nada que podemos fazer”, finaliza Almir.
Clique aqui e curta o Meionorte.com no Facebook