A queda de um avião de pequeno porte em uma avenida movimentada da zona Oeste de São Paulo levanta questionamentos sobre as causas do acidente. Uma das principais hipóteses investigadas pela Aeronáutica é a falha no motor, evidenciada pela posição da hélice no momento da queda.
Especialistas apontam que, nas imagens do acidente, as pás da hélice aparecem embandeiradas, ou seja, viradas de lado em relação ao fluxo de ar. Esse procedimento é utilizado pelos pilotos em situações de falha no motor para minimizar o arrasto e aumentar a estabilidade da aeronave.
Segundo Jorge Leal, engenheiro aeronáutico e professor da USP, o embandeiramento "é um procedimento que se usa quando você perde o motor e você deixa a hélice alinhada com o vento. Ela vira uma pá, gira e dá tração ao avião".
CENIPA INVESTIGA CAUSAS
A investigação está sendo conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O prazo para conclusão ainda não foi definido, mas análises iniciais indicam falha mecânica como um dos possíveis fatores.
Dados do Cenipa apontam que cerca de 20% dos acidentes aéreos no Brasil envolvem falha ou mau funcionamento do motor. Desde 2015, foram registrados 1.580 acidentes, sendo 355 relacionados a problemas mecânicos. O caso de São Paulo ainda está sob análise e não faz parte das estatísticas oficiais.
DETALHES DO ACIDENTE
O avião, um King Air F90 fabricado em 1981, tentou um pouso de emergência na avenida, mas colidiu com árvores, placas e atingiu um ônibus antes de explodir. O piloto chegou a solicitar retorno imediato ao Aeroporto de Campo de Marte, pouco antes do impacto.
O acidente ocorreu próximo a locais movimentados, como condomínios, centros de treinamento do São Paulo e do Palmeiras, um shopping e um estádio. O rápido desembarque dos passageiros do ônibus evitou uma tragédia ainda maior.
Infelizmente, as duas pessoas a bordo faleceram: o advogado Márcio Louzada Carpena, co-proprietário da aeronave, e o piloto Gustavo Medeiros. Sete pessoas ficaram feridas, mas oito já receberam alta. Uma passageira do ônibus segue internada, com quadro de saúde estável.
SITUAÇÃO DA AERONAVE
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que a aeronave possuía Certificado de Aeronavegabilidade válido, apesar de algumas inconformidades documentais identificadas na importação do avião para o Brasil.
Entre as inconformidades registradas estavam:
- Divergências nas informações sobre o Computador de Dados Aéreos (ADC);
- Falta de limpadores de para-brisa;
- Falta de autorização para alterações no sistema de degelo das hélices.
- Esses problemas não impediram a operação da aeronave, mas requeriam ajustes documentais.
Com informações do g1