A cantora Lexa anunciou a morte da filha recém-nascida, Sofia, que ocorreu nesta segunda (10), três dias depois do parto. A artista relatou que foi acometida por pré-eclâmpsia com síndrome de Hellp, o que provocou o parto prematuro da bebê. A médica ginecologista e obstetra Joeline Cerqueira, com área de atuação em Reprodução Humana, conversou com a equipe da Agência Brasil e explicou o que são esses problemas.
Pré-eclâmpsia
É uma doença obstétrica que geralmente ocorre depois da 20ª semana de gravidez e provoca a hipertensão arterial da gestante.
“A placenta é o órgão que vai nutrir o feto. Quando ela está se implantando no útero, os vasos do útero se abrem e aumenta a corrente de sangue que vai nutrir adequadamente o feto. E o que ocorre na placenta da mulher com pré-eclâmpsia? Esses vasos não conseguem mudar a conformação deles para se tornarem mais flexíveis e elásticos. E o sangue não flui adequadamente para a placenta e para o feto”, informa Joeline Cerqueira.
Consequências
A sobrecarga da circulação provoca a hipertensão arterial, igual ou acima de 140/90 mmHg (14 por 9), e há perda de proteína na urina, a proteinúria. A pré-eclâmpsia precisa ser tratada para não colocar a vida da mãe e do feto em risco. Entre os agravamentos possíveis estão a eclâmpsia e a síndrome de Hellp. A eclâmpsia é caracterizadas pela ocorrência de convulsões generalizadas ou coma em gestantes.
Síndrome Hellp
É outro tipo de complicação que provoca hemólise (fragmentação das células vermelhas do sangue na circulação), níveis elevados de enzimas hepáticas e diminuição do número de plaquetas. Essa combinação mostra que alguns órgãos podem estar entrando em falência, como os rins e o fígado.
Tipos
Apesar de não ser comum, existe a pré-eclâmpsia ou eclâmpsia pós-parto, que ocorre na fase do puerpério em até 72 horas depois do parto. A complicação é responsável pela hipertensão arterial e crises convulsivas nesse período.
Causas e fatores de risco
Segundo a obstetra, até hoje a pré-eclâmpsia não tem uma causa específica identificada. Existem teorias, dentre as quais ela destaca a má implantação da placenta no processo da gestação.
Fatores de risco
. Primeira gestação da mulher;
. gravidez antes dos 18 e depois dos 40 anos;
. pressão alta crônica;
. diabetes;
. lúpus;
. obesidade;
. pessoas da família com essas doenças;
. gestação de gêmeos.
Prevenção e redução de riscos
A realização do pré-natal, com acompanhamento médico da gravidez e da pressão arterial, é a melhor forma de prevenir a pré-eclâmpsia e demais complicações.
Medicamentos
“Existem medicações já testadas que diminuem consideravelmente as probabilidades de pré-eclâmpsia para as pacientes de risco. Uma delas é o cálcio. Outra é o AAS infantil. Elas usam essa aspirina em dose baixa de 100 mg a partir de 12 até 16 semanas de gestação. É imprescindível o médico começar nesse período. Porque como é uma doença que se instala pela placenta, depois de 16 semanas a placenta já está toda formada. Então, não adianta começar uma profilaxia muito tarde”.
Sintomas
A pré-eclâmpsia pode ser assintomática. Mas há sinais comuns, como:
. dor de cabeça forte que não passa com remédios;
. inchaço no rosto e nas mãos;
. ganho de peso em uma semana;
. dificuldade para respirar;
. náusea ou vômito após os primeiros três meses de gestação;
. perda ou alterações da visão;
. dor no abdômen do lado direito.
Os sintomas da eclâmpsia podem ser dores de cabeça, de estômago e perturbações visuais antes da convulsão; sangramento vaginal; e coma.
Tratamento
O principal objetivo do tratamento para quem desenvolve o quadro de pré-eclâmpsia é o controle da pressão arterial. Podem ser usados hipotensores, medicações orais e injetáveis, para conseguir manter a pressão arterial abaixo de 14 por 9. Também podem ser indicados: alimentação com baixo consumo de sal e de açúcar; repouso; aumento da ingestão de água; fazer acompanhamento pré-natal mais rigoroso. (Da Agência Brasil)