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Tarifas dos EUA seguem afetando exportações brasileiras e colocam setores em alerta

Entre os setores mais atingidos está o de pescados. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), o Brasil deixou de exportar cerca de US$ 250 milhões para os Estados Unidos em 2025.

Indústria brasileira perde espaço nos EUA com manutenção de tarifas de 40% | Foto: Divulgação - APS
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Mesmo após os Estados Unidos suspenderem a taxação sobre produtos como café, carne bovina e frutas, mais de um terço das exportações brasileiras continua submetido a tarifas de 40%. A permanência dessas barreiras tem ampliado as dificuldades para segmentos como mel, pescados, máquinas e calçados, que relatam queda nas vendas e perda de competitividade no mercado norte-americano.

Entre os setores mais atingidos está o de pescados. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), o Brasil deixou de exportar cerca de US$ 250 milhões para os Estados Unidos em 2025. A entidade aponta que a taxação favoreceu concorrentes internacionais livres das tarifas, reduzindo drasticamente a presença brasileira no mercado.

A piscicultura, especialmente a produção de tilápia, vive um dos momentos mais críticos. No início de 2025, quase toda a tilápia exportada pelo Brasil tinha como destino os EUA. Com a manutenção das tarifas, a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) estima que as exportações para o país praticamente desapareçam, forçando o redirecionamento da produção.

Esse deslocamento para o mercado interno ou para outros países ocorre, em geral, com preços menores, o que afeta diretamente a rentabilidade das empresas. O cenário pressiona margens de lucro e compromete investimentos em toda a cadeia produtiva.

Setor de calçados tem prejuízo

A indústria de calçados também vê os impactos se agravarem. A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) projeta até 8 mil demissões em 2026 caso as tarifas sejam mantidas. Apenas em outubro, 1.650 postos de trabalho foram fechados, enquanto as exportações para os EUA recuaram 23,4% nos últimos quatro meses.

Situação semelhante ocorre no setor de máquinas e equipamentos. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) relata cortes de empregos e forte retração nas vendas. A participação do Brasil no mercado americano caiu de 27% para 13%, evidenciando a perda de espaço para concorrentes estrangeiros.

Segundo a Abimaq, a abertura de novos mercados não é suficiente para compensar, no curto prazo, o volume e as condições comerciais oferecidas pelos Estados Unidos. A entidade alerta que a demora na redução das tarifas pode levar à substituição definitiva dos produtos brasileiros.

Os efeitos da disputa comercial também atingem com força os pequenos produtores, especialmente no setor de mel. A Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel) destaca que mais da metade da produção nacional é destinada aos EUA, tornando o segmento altamente dependente do mercado americano.

No setor de café solúvel, a preocupação é semelhante. A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics) aponta risco de perda estrutural de mercado, já que as exportações para os Estados Unidos caíram 52% em volume desde o início da taxação. Embora a Rússia tenha assumido a liderança como destino do produto em outubro, o país não consegue absorver a mesma demanda nem oferecer condições equivalentes às do mercado americano.

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