Zelaya exige ser restituído antes de 15 de outubro

A declaração, lida por um assessor na rádio, vai contra a proposta que deve ser apresentada em poucas horas

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O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, exigiu nesta quarta-feira que seja restituído antes de 15 de outubro para que haja tempo hábil para a realização das eleições presidenciais em 29 de novembro.

A declaração, lida por um assessor na rádio, vai contra a proposta que deve ser apresentada em poucas horas pelo governo interino de Roberto Micheletti, em um diálogo mediado por uma missão de chanceleres da OEA (Organização dos Estados Americanos) que já está no país. "Advertimos que se não for restituído antes de 15 de outubro se deve adiar o calendário eleitoral", afirma um comunicado assinado pelo presidente deposto, argumentando que não haveria tempo hábil para a realização de uma campanha eleitoral garantida sob um governo constitucional. A declaração é reproduzida pela agência de notícias France Presse.

"O regime interino está planejando permanecer mais tempo no poder e aprofundar mais a crise ao se recusar a restituir o presidente eleito pelo povo", completou. Segundo reportagem da Folha nesta quarta-feira, o governo interino deve apresentar proposta na qual oferece a Zelaya um retorno ao cargo apenas no dia 2 de dezembro --três dias após as eleições presidenciais para eleger o seu sucessor. A proposta é aceita pelas alas mais radicais de apoio a Micheletti e também por setores que apoiavam o interino e que nas últimas semanas tentaram mediar a crise com propostas próprias --Igreja Católica, empresários e políticos.

A ideia central é que uma volta ao poder com um sucessor democraticamente eleito esvaziaria, no ponto de vista do atual governo, a autoridade de Zelaya e a pressão internacional por sua restituição. Para garantir que as eleições ocorram normalmente e sejam internacionalmente aceitas, Micheletti estaria disposto a abrir espaço para observadores de todas as organizações que desejem acompanhar o processo eleitoral.

Em tom de ameaça, Zelaya exigiu ainda o "cumprimento das resoluções aprovadas por unanimidade" pela OEA e pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que exigem sua restituição e a retomada da constitucionalidade a Honduras. Micheletti preferiu um tom mais ameno e deu esperança de avanços no diálogo com um discurso na noite desta terça-feira no qual afirmou que olhará com "novo espírito" aos principais temas em discussão no Acordo de San José, proposta do mediador, o presidente da Costa Rica, Oscar Arias, que estabelece a restituição de Zelaya sob um governo de coalizão.

"Para consolidar a estabilidade política e normalizar as relações de nosso país com a comunidade internacional, eu acredito que chegou a hora de intensificar o diálogo nacional", disse. A oferta do governo interino inclui ainda um pacote de outras medidas como a definição de um gabinete predefinido para Zelaya, a definição, nas negociações, de um pacote amplo de ajuda externa a Honduras e uma anistia para ambos os lados.

Outra questão a ser discutida é que Micheletti seja liberado do status de ex-presidente uma vez que Zelaya reassuma o posto para poder concorrer ao cargo em eleições futuras. Já Zelaya exige a reabertura da rádio Globo e o canal 36 de televisão, os únicos dois meios de comunicação que mantinham uma clara oposição ao golpe de Estado de 28 de junho e que foram fechados pelo governo no último dia 28. Exige ainda que se retire o cerco militar à embaixada brasileira,onde, segundo ele, "nos mantêm reclusos como em um campo de concentração". "Além disso, pedimos que não se manche a dignidade dos países latino-americanos debochando de seus chanceleres", enfatizou Zelaya, neste fim de semana.



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