Você já teve uma grande ideia, mas não sabia por onde começar? Foi assim que o teresinense Wilkins Gomes Moura, formado em Engenharia Elétrica, de 32 anos, deu início à jornada que transformaria sua frustração em uma startup de sucesso. Hoje, ele comanda a Opengera, empresa responsável pelo sistema para manutenção de geradores de forma simples e inteligente, mas para chegar até a concretização de um sonho, passou por vários desafios e dificuldades, onde a persistência sempre foi uma característica forte em sua vida e não o deixou desistir diante dos obstáculos.
Esses altos e baixos também foram enfrentados por uma parcela da população e casos como o dele se multiplicam em todas as regiões do Brasil - sinal de que a inovação não está mais restrita aos grandes centros ou aos gigantes da tecnologia.
COMO tudo COMEÇOU?
Wilkins Moura revela o que lhe motivou a investir em startups e seguir o caminho do empreendedorismo inovador. “Foi perceber que eu poderia usar o meu conhecimento em programação para criar algo que as pessoas pudessem usar e resolver problemas do dia a dia, tanto de empresa quanto de pessoas comuns. E eu sempre tive o desejo de construir algo meu com impacto real. Então, o caminho que eu escolhi foi o empreendedorismo digital, que se mostrou a forma mais direta de fazer isso, mesmo sem muito capital inicial”, resume.
Sobre o início da sua trajetória nesse universo, ele conta que começou de forma autodidata, programando e testando suas ideias, por conta própria. “Depois eu fui estruturando meus projetos e criando os negócios que fossem reais, como Opengera, e no começo eu não tinha muito apoio institucional, mas eu busquei os conhecimentos em fóruns online, com a comunidade e outros empreendedores”, diz, acrescentando que também trocou ideias com seus colegas de programação, fator esse que foi o essencial para seguir seu caminho do universo das startups.
No Piauí, o jovem empreendedor considera os setores de energia, logística, agronegócio e size, voltados para nichos específicos, como manutenção, saúde e gestão de serviços, os mais promissores para startups. A justificativa, é porque há uma carência enorme na digitalização de diversas áreas, e quem souber resolver essas dores com tecnologias, tem um mercado enorme para ser explorado.
Wilkins conta que teve algumas dificuldades, principalmente com relação ao acesso de network qualificado, investidores e também programas de aceleração. A maneira que encontrou para superar isso foi focando em negócios enxutos e que fossem rentáveis desde o início e também investir em automação e marketing digital para alcançar os clientes fora do estado. Também usou internet como ponte para reduzir a distância que tinha dos grandes centros.
INVESTIMENTO
Seu startup, a Opengera, que é um exemplo, é uma solução pensada para técnicos de manutenção de geradores - um público muitas vezes negligenciado, e, segundo Wilkins, “ver como essa ferramenta ajuda esses profissionais a organizar seus serviços, reduzirem erros e até ganharem mais dinheiro me dá muito orgulho, é um impacto real direto e também que eu posso mensurar, um impacto mensurável, então é uma coisa que me deixa bem satisfeito”, crava o empreendedor.
Sobre o que falta para o ecossistema de inovação do Piauí se desenvolver ainda mais, Wilkins disse que, na sua visão, já está tendo uma evolução muito grande comparado aos últimos anos, mas acredita que falta ainda um incentivo mais estruturado, como hubs de inovação com apoio contínuo, mais acesso a capital de risco e também iniciativas que conectam os desenvolvedores com empresas tradicionais e universidades. Além disso, ele defende a valorização também dos talentos locais, pois há muitas pessoas qualificadas no Piauí, bem como oferecer ainda capacitações práticas, voltadas diretamente para os negócios.
Recentemente, a startup Opengera foi escolhida pelo programa Startup Nordeste para receber um investimento de mais de R$ 35 mil. “Esse investimento representa muito para nós. É um incentivo real que nos fortalece para continuar crescendo e, acima de tudo, reafirma nosso propósito de transformar a nossa solução em um verdadeiro case de sucesso para o estado. Mais do que um recurso financeiro, esse apoio simboliza confiança no nosso trabalho e no potencial de impacto que estamos construindo com dedicação”, comemora Wilkins Moura.
Ele reforça que o Piauí tem espaço de sobra para inovação, justamente porque há muitos problemas que ainda esperam soluções criativas. Para ele, o jovem que conseguir entender as dores da sua comunidade e aplicar a tecnologia de forma acessível tem tudo para se destacar. “E hoje, com ferramentas acessíveis e conhecimento disponível na internet, a barreira é muito menor. Também tem a questão da inteligência artificial, que ajuda bastante”, pondera. E para quem tem uma boa ideia, mas não sabe por onde começar, Wilkins dá uma dica: “Bom, um conselho que eu posso dar é não esperar estar tudo perfeito para começar. Comece pequeno, valide a ideia, com pessoas reais e estar pronto para ajustar rápido. Também participar de comunidades, estudar sempre com pessoas que possam estar indo na mesma jornada que você. E o mais importante, é tirar a ideia da cabeça e colocar em prática, mesmo que seja um MVP simples, mas colocar em prática”, resume.
Sebrae oferece capacitação e bolsa para startups inovadoras
Para quem busca investir suas ideias no mundo das startups, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é um grande aliado, pois, além de fomentar o empreendedorismo, também oferece todo suporte necessário para tirar as dúvidas e facilitar a vida de quem deseja expandir suas ideias para além das fronteiras do imaginário.
A analista do Sebrae, Andreia Cavalcante, relata que a entidade dispõe de programas de capacitação voltados especificamente para startups em estágio inicial. Temos, tanto em nível nacional como local. No primeiro, temos alguns programas nacionais que já iniciam realmente com a startup, com aquele projeto inovador na fase de ideação. Então, por exemplo, o Startup Nordeste, no primeiro ciclo, trabalhou com as startups bem na fase de ideação. Foi um edital que surgiu e já estamos na segunda fase do programa”, observa.
De acordo com ela, isso significa dizer que, quem tinha apenas uma ideia e um modelo de negócio diferente, um projeto inovador, poderia estar vislumbrando uma participação, tal como submetendo-se a uma bolsa destinada para quem quer empreender e desenvolver aquela ideia.
No cenário brasileiro, Andreia ressalta o Inovativa, um projeto de desenvolvimento pelo Sebrae. Em geral, ocorrem duas edições anuais, com a publicação de dois documentos oficiais que visam realizar consultorias de aprimoramento para as startups que estão em fase inicial. “Então, é aquele despertar de que eu quero empreender, eu tenho uma ideia diferente, uma ideia de negócio que pode ser interessante, então, como que eu faço? Nesse caso, você pode procurar o Sebrae para ver esses programas tradicionais, em níveis nacionais que a gente tem e que são voltados para dar um estímulo para aquela startup, para aquele projeto inovador criar e passar a se tornar um negócio”, pondera.
Ações de sucesso
No âmbito local, o Sebrae promove diversas ações, como os Ideatons. Estes são eventos no formato de competição, onde se busca identificar ideias inovadoras.
“Formamos equipes que competem entre si, visando descobrir qual a ideia mais original, com maior viabilidade de mercado e com uma equipe apta a colocá-la em prática. É uma verdadeira maratona, que pode durar um dia inteiro ou até três, com o objetivo de desenvolver a ideia, impulsionar o projeto, estruturá-lo e apresentá-lo ao público. Assim, o participante pode dar o próximo passo”, completa Andreia Cavalcante.
Também existem os Ideatons e Hackathons, além do BootCamp do Sebrae, que fomenta a criação de empresas inovadoras. A consultora explica que é um curso em grupo, com cerca de 30 pessoas por turma. E, para quem prefere, também são oferecidas consultorias personalizadas, de forma individualizada. “Nós temos um consultor que fica cativo no SebraeLab, disponibilizando consultorias gratuitas, ou seja, fica disponível para dar essa orientação inicial para as startups, ou para quem tem um negócio inovador, para quem é curioso, que tem um interesse em começar um negócio”.
Dessa forma, quem tem esse interesse vai até o SebraeLab, onde o consultor dá essa orientação inicial para quem tem uma ideia inovadora, uma ideia legal. E se a pessoa quer saber quais são os primeiros passos, para onde pode ir, como pode modelar, estruturar essa ideia para poder crescer, e desenvolvê-la, às vezes está na fase de inscrição em edital, às vezes não está, mas ele pode ir moldando essa ideia até abrir um edital.
O Programa Sebraetec tem como principal objetivo, estabelecer conexões entre potenciais empreendedores e negócios inovadores a incubadoras e aceleradoras de todo o país. “Você contrata esse consultor que faz tudo ao seu lado, modelando a sua ideia, estruturando, fazendo com que você entenda realmente como criar o seu negócio a partir dessa ideia”, esclarece a consultora.
Através dessas capacitações, o Sebrae contribui para o desenvolvimento de um modelo de negócio inovador e sustentável, pois dispõe de uma metodologia própria dentro desses programas e editais, bem como nas consultorias do Sebraetec, que ajuda a estruturar e modelar essa ideia. Tudo isso é feito com uma metodologia, um passo a passo para quem tem interesse em modelar essa ideia, ou seja, transformar realmente esse negócio inovador em uma empresa: uma startup.
Andreia ressalta que, ao longo desse processo gradual, desde o surgimento da concepção inicial até a sua consolidação em algo mais concreto, busca-se criar um MVP (Produto Mínimo Viável) para validação com os potenciais clientes. Através desse MVP, é possível verificar se a solução proposta é realmente viável, se encontra aceitação no mercado e se existe uma demanda real para a referida ideia.
Como o Sebrae prepara startups para investir?
O Sebrae também auxilia as startups a se prepararem para captar investimento e atrair parceiros estratégicos. Na parte de capacitação, disponibiliza programas específicos voltados à captação de recursos, como por exemplo, o Capital Empreendedor - um programa nacional do Sebrae. Com ele, é possível conseguir captar investimentos de mercado e fundos de investimento, enfim, são programas inovadores e voltados para o desenvolvimento da startup. Tem ainda o Inova Biomas, que é um programa que ajuda a desenvolver também, startups e negócios inovadores que são voltados para a bioeconomia.
Por sua vez, o Catalisa ICT é uma iniciativa do Sebrae Nacional voltada para a transformação do conhecimento científico em soluções de alto impacto, pois ajuda a desenvolver ideias, ou seja, negócios que vêm da universidade, instituições de ensino superior e, portanto, trata-se da pesquisa se transformando em um negócio.
O Capital Empreendedor oferece suporte para startups em fase inicial na obtenção de financiamento. O foco principal é o investimento, ensinando você a se preparar para apresentar sua empresa a investidores, abordando o conhecimento, a documentação e as informações essenciais sobre sua startup que eles procuram.
No cenário do Capital Empreendedor, o foco se divide em dois caminhos principais: um deles é preparar as startups para atrair investimentos, e o outro é dar suporte aos investidores iniciantes, guiando-os no universo do investimento em startups, com o objetivo de formar futuros investidores anjo.
A especialista Andreia Cavalcante frisou que os treinamentos do Sebrae para startups, dentro dos programas oferecidos em todo o país, combinam métodos presenciais e online. Grande parte dos cursos e acompanhamentos, bem como as aulas, acontecem virtualmente, justamente por se tratar de um programa nacional, permitindo que uma aceleradora tanto de São Paulo, quanto do Rio Grande do Norte, ou de qualquer outro lugar do Brasil, participe. Então nos programas nacionais, a maioria das vezes é online as aulas e aí tem os momentos presenciais. “No Startup Nordeste, por exemplo, no ciclo de pré-aceleração, tivemos dois encontros presenciais dentro de três meses. Então todas as outras aulas eram de forma virtual e esses dois encontros presenciais”, recorda Andreia.
Motivos para empreender
Então, depois veio a etapa de aceleração, sem nenhum auxílio financeiro. Essa fase foi um evento presencial, um período mais curto de treinamento, que durou algo em torno de dois a três meses, começando no início do ano e terminando por volta de março. Agora, na fase de aceleração com apoio financeiro, serão três meses de treinamentos e mentorias online, com um auxílio de R$ 6.500,00 para as startups participantes. Cem startups do Startup Nordeste receberão esse auxílio. A estrutura do Startup Nordeste é essa.
Ao ser indaga sobre a grande demanda e motivação para empreender, focando em startups, Andreia Cavalcante justifica: “De fato, observamos um grande número de ideias inovadoras surgindo por todos os lados. Talvez estejamos vivenciando um boom, um período de expansão das startups, impulsionado pelo grande incentivo a esses projetos. Um exemplo disso é o Startup Nordeste, que ofereceu 100 bolsas de R$ 6.500,00. Isso se torna interessante, especialmente para estudantes universitários ou de outras instituições. Imagine transformar sua pesquisa acadêmica em um negócio”, argumenta a analista do Sebrae.
Startup Piauí gera R$ 112 milhões em faturamento e 838 empregos
O Startup Piauí, programa criado pela Investe Piauí, já deu uma força para 287 startups que estão transformando o cenário de inovação no estado e despertando interesse de novos empreendedores. Inspirado na metodologia do Empreendedor Disciplinado, do MIT, o programa oferece tudo o que um negócio em crescimento precisa: acompanhamento técnico, mentorias com especialistas, materiais de estudo e um ambiente completo para conexões, com salas de reunião e coworking no Hub Investe Piauí.
Os resultados mostram o impacto real dessa iniciativa: juntas, as startups aceleradas faturaram mais de R$ 112 milhões no último ano e geraram 838 empregos. Um destaque importante é a presença feminina na liderança: 35% das startups têm mulheres em cargos de gestão, número bem acima da média nacional de 17%, segundo a Abstartups (2023).
A gestora da Startup Piauí, Luciana Tsukada, informa que a Investe Piauí tem fomentado o desenvolvimento de ecossistemas de startups em diversas frentes pelo Estado, principalmente por meio do programa Startup Piauí, que foi desenvolvido utilizando a metodologia dos 24 passos do Empreendedor Disciplinado do professor Bill Aulet do Martin Trust Center for Entrepreneurship do MIT, nos EUA. Essa iniciativa é conduzida pela equipe do Piauí Instituto de Tecnologia, o PIT.
“Além do Programa de Aceleração de Startups e Eventos de Cultura Empreendedora, foram criados os Hubs de Inovação, tanto em Teresina como Parnaíba. O Hub de Inovação de Teresina, que abriga um coworking, espaço de eventos, laboratórios e diversas infraestruturas, viabiliza que as conexões inovadoras aconteçam, sempre com apoio e suporte das equipes do projeto Startup Piauí e com as metodologias do MIT”, esclarece Tsukada.
Já em Parnaíba foi criada a Incubadora de startups Tech Export Hub, onde mais de 15 projetos foram incubados e uma área de coworking que permite que qualquer pesquisador ou empreendedor possa usar a infraestrutura para desenvolver seus projetos, com o apoio e suporte de monitores e especialistas. Ainda em Parnaíba, o hub H2Piauí foi inaugurado com o objetivo de incentivar a inovação em Energias Renováveis, que representa um diferencial competitivo para o Piauí, fornecendo um espaço para pesquisadores e empreendedores desenvolverem seus projetos na área.
Os números são cada vez mais surpreendentes, segundo Luciana Tsukada, pois desde o início do Startup Piauí, em 2023, já são 341 projetos acelerados. Parte deles se originou através de ações realizadas pelo programa, como eventos imersivos de ideação (ideathons) e desenvolvimento de protótipos (hackatons), assim como workshops de disseminação de cultura empreendedora. Vale ressaltar que o programa auxilia de forma prática os empreendedores a tirarem as ideias do papel e fazerem seus negócios crescerem de forma rápida e sustentável.
A Investe Piauí, por meio do Piauí Instituto de Tecnologia também tem uma frente em cooperação com a Secretaria de Educação do Estado do Piauí, junto ao Seduckathon, incentivando projetos empreendedores de alunos do ensino médio. “Criamos conteúdo para ser aplicado no ensino médio com as metodologias do MIT para o programa Projeto de Vida Empreendedor, atendendo a mais de 30 mil alunos com essas metodologias e conceitos”, comemora a gestora.
Por outro lado, também têm os programas para a geração de demandas de produtos inovadores e construção de redes para facilitar a conexão entre o mercado e empreendedores, como o Laboratório de Inovação do Piauí (LIPI) e o Programa de Verticais de Negócios.
Outro programa que vale a pena comentar é o Academy Lab, que estimula o desenvolvimento de projetos empreendedores com as universidades, com a finalidade de apoiar o desenvolvimento de pesquisas aplicadas e apoiar sua inserção no mercado.
Seguindo as Diretrizes para o Desenvolvimento de Longo Prazo do Estado do Piauí, que apontam áreas estratégicas para o crescimento regional do Estado, os focos são nas principais potencialidades do Estado do Piauí, como mineração, educação, saúde, turismo, tecnologia e outros. Dos 341 projetos inscritos no programa de aceleração, 123 estão em setores como Saúde e Bem-estar (75 projetos), que corresponde a 22%, e Educação (48 projetos), totalizando 14%.
Para além do LIPI, conforme relata Luciana Tsukada, que executa a frente de inovação aberta, o programa Startup Piauí se conecta à articulação de potenciais investidores através dos escritórios internacionais da Investe Piauí e de parcerias estratégicas com outros ambientes de inovação, como Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), em Santa Catarina, e outros. “Também desenvolvemos parcerias com grandes corporações para chamadas remuneradas para execução de Provas de Conceito e atuamos com articulação e fomento junto às chamadas de financiamento de instituições como a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e outros tantos. No Programa Verticais de Negócios, articulamos comunidades setoriais de startups, construindo network e estimulando a cooperação corporativa e competitividade setorial para conectar estes canais a Fundos de Investimentos e investidores privados”.
Quanto aos resultados concretos já observados no empreendedorismo local a partir dessas ações e investimentos em inovação, além dos 341 projetos inscritos em 9 diferentes turmas – que geram mais de 1.200 postos de trabalho, foi ainda executada uma série de eventos em parcerias com escolas e universidades, sem mencionar a própria Campus Party Weekend Piauí que reuniu mais de 10 mil pessoas em 3 dias de evento.
“Com isso, nossas iniciativas já inspiraram mais de 13 mil pessoas e impactamos mais de 22 municípios no Estado. Também é importante mencionar que atuamos junto a outros entes públicos que buscam se atualizar e inovar em sua gestão, como foi o caso da Prefeitura de Cristino Castro que, com suporte do LIPI, aprovou uma lei que regulamenta sua atuação com startups, permitindo o lançamento de uma chamada de inovação aberta com R$ 1 milhão de investimento para empreendedores, pesquisadores ou startups solucionarem problemas do município com inovação e tecnologia”, pondera a gestora da Startup Piauí, enfatizando que é um orgulho dizer que o portfólio está acima da média nacional de representatividade feminina, com 47,2% de mulheres em cargos de liderança nas startups aceleradas.
Luciana frisa que a principal ação de fomento da Investe Piauí está na criação do Piauí Instituto de Tecnologia e da Faculdade Estadual PIT, que veio para consolidar os projetos e programas já desenvolvidos e fomentar a educação tecnológica e o empreendedorismo no Piauí. “E a gente quer mais! Isso porque está em fase de implantação o Parque Tecnológico no Piauí, na cidade de Teresina, o Tech Park Piauí, que será mais um importante instrumento e equipamento para geração de novos negócios e atração de recursos para investimento em inovação e tecnologia no Estado, e que está atraindo com essa iniciativa o Impa Tech Nordeste, uma parceria que trará para o Estado um instituto de renome internacional com relevância significativa no país e na América Latina, reconhecido por sua excelência em pesquisa e formação de jovens cientistas, com uma graduação pioneira que prepara estudantes para ingressar de forma efetiva no mercado de trabalho em áreas como Inteligência Artificial, Robótica e Desenvolvimento de Sistemas”, acrescenta a gestora.
Para finalizar, Luciana Tsukada disse que a Investe Piauí segue crescendo com o programa de aceleração de startups em cooperação com o MIT, e de portas abertas para trazer cada vez mais empresas dispostas a investirem em inovação aberta no Estado. “Além disso, temos o crescimento e interiorização dos projetos e programas que seguem acontecendo, assim como os Hubs de Inovação que, além de Teresina e Parnaíba, pretendemos inaugurar outro nos próximos meses na cidade de Picos, com programação de outros dois novos Hubs em outras cidades satélites do interior do Estado”.
Joselé Elias desbravou o mundo das startups no Piauí
Com vasto conhecimento e experiência no assunto, o líder de Comunidade e Inovação, Joselé Elias Martins, explica que sua primeira experiência no universo das startups foi com a criação do Canal 8, a primeira tv por internet do Piauí, há 17 anos, “quando chegamos a ter 28 programas e ainda não existia nem o YouTube, daí criamos o nosso próprio player e depois migramos para o videolog e, depois, YouTube, pois os custos com servidores estava aumentando”, lembra, argumentando que, nessa época, devido à falta de profissionais e como o acesso à tecnologia era mais difícil, hoje, os problemas são outros, pois grande parte do pessoal técnico não quer empreender, preferindo o salário que, atualmente e, dependendo do profissional, é muito mais vantajoso.
Joselé Martins informa que para alcançar o sucesso desejado, a startup precisa ter um modelo de negócio inovador e que seja capaz de escalar, ou seja, crescer em grandes escalas sem aumentar os custos, e a inovação necessariamente precisa ser de alta tecnologia, pois, as vezes, mudando alguns processos você tem um negócio escalável”, explica.
Questionado sobre como o ambiente de startups contribui para formar empreendedores, o líder afirma que o fácil acesso à informação e a onda de inovação, cada vez mais presentes, têm gerado inúmeras oportunidades, seja através de grandes eventos, editais e acesso a capital, “mas acredito que não estamos formando a nova base de empreendedores que já nasceram no digital, ou seja, empreendedor que resolve problemas”, justifica.
Nada de desitir dos seus objetivos
Ele foi taxativo ao afirmar que os desafios no ramo do empreendedorismo das startups não devem desanimar ninguém: “Você tem que errar, tentar, errar novamente, mudar o rumo do negócio e não são todas as pessoas que tem essas competências”, frisa Joselé Martins.
Como conselho para quem quer empreender por meio de uma startup, mas ainda tem receio de começar, o líder de Comunidade e Inovação disse: “"Resolva um problema de forma inovadora e escalável. Mas não pense que o seu negócio é a última Coca-Cola do deserto — porque, acredite, não é. Pergunte, aprenda e, se possível, caminhe ao lado de quem já percorreu esse caminho. Isso vai te poupar tempo e evitar que cometa os mesmos erros que muitos já cometeram. Negócios inovadores são resultado de uma combinação de fatores, e o timing é um dos principais. Não adianta tentar surfar uma onda que já está cheia de gente, a menos que seu produto seja realmente diferenciado”.
E para refletir, Joselé Martins pergunta: “quantos aplicativos locais do seu estado ou região você tem instalado no seu celular? Deixa eu adivinhar... nenhum? Então, por que começar justamente criando um aplicativo? Há outros caminhos - e só quem já viveu esse processo pode te mostrar isso. Se é isso mesmo que você quer, procure um mentor. Ele pode te ajudar a economizar tempo e tomar decisões mais acertadas."
Sebrae investe R$ 3,9 mi no empreendedorismo
O governador do Piauí, Rafael Fonteles, anunciou, em agosto de 2024, um importante passo para o fortalecimento do empreendedorismo inovador no estado: Trata-se do um investimento de R$ 1,3 milhão da Fapepi (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí professor Afonso Sena Gonçalves) no Programa Startup Nordeste. A essa iniciativa se somou o apoio do Sebrae, que destinou o montante de R$ 2,6 milhões, elevando o total do investimento para R$ 3,9 milhões.
O Startup Nordeste é mais do que um programa de apoio: é um incentivo direto a ideias que podem transformar realidades. A iniciativa, liderada pelo Sebrae, é voltada para projetos e startups que trazem inovação prática — seja em produtos, serviços, processos ou modelos de negócio — e que têm potencial para crescer, gerar impacto social e escalar suas soluções. É um esforço conjunto para transformar boas ideias em grandes resultados, impulsionando o desenvolvimento da região com criatividade e propósito.
Em 2024, o Brasil registrou mais de 12 mil startups ativas, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), com forte concentração no Sudeste. O investimento em startups no Brasil atingiu US$ 9,4 bilhões em 2021, quase três vezes mais do que no ano anterior.
crescimento das startups no Piauí
Já no Piauí, o cenário de startups mostrou um belo progresso em 2024. O estado viu nascer 463 novas empresas inovadoras, um salto notável em relação às 162 criadas em 2023. Atualmente, o estado soma 883 startups identificadas em 61 cidades diferentes. Essa informação - divulgada em fevereiro de 2025 - veio do Sebrae, através de seu Observatório de Startups, que foi atualizado faz pouco tempo.
A pesquisa mostra que a maior parte das startups do Piauí ainda está dando os primeiros passos, com 47% delas apenas começando a desenvolver suas ideias. Um total de 32% das startups estão testando suas ideias para ver se funcionam, enquanto 10% já estão ganhando força. Cerca de 7,59% das startups estão expandindo, mas somente 1,36% chegaram ao ponto de crescer em grande escala.
Esses números revelam que o Brasil possui 22 mil empresas que buscam soluções inovadoras no universo das startups. Entre suas características, as startups oferecem chances de expansão acelerada, estão sujeitas a riscos e buscam recursos por meio de capital de risco. Muita gente não sabe, mas empresas como Netflix, Nubank, Uber e iFood começaram como startups.
Para finalizar, há também estimativas de que existam mais de 19 mil startups em operação no país, de acordo com uma pesquisa do Sebrae, com destaque para os setores de tecnologia da informação, saúde e educação. É aguardar os desdobramentos desse crescente cenário das startups que vem conquistando milhões de adeptos por todo o mundo.