O que inicialmente foi registrado como uma tentativa de assalto que terminou com a morte de um adolescente de 15 anos, Luelder Rodrigues Alves, no bairro São João, zona Leste de Teresina, começa a ganhar novos contornos após investigações conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). De acordo com o delegado Bruno Ursulino, há indícios consistentes de que o jovem foi atraído para uma emboscada e executado, supostamente por integrantes de uma facção criminosa.
O QUE ACONTECEU
Luelder foi morto a tiros na noite do dia 5 de agosto, enquanto estava na garupa de uma motocicleta. À época, a versão inicial, divulgada pela Polícia Militar, apontava que ele teria sido baleado enquanto tentava realizar um assalto com o comparsa. O suposto comparsa conseguiu fugir do local e o autor dos disparos ainda não havia sido identificado.
“Nós conseguimos informações de que o Luelder teria saído acompanhado de um indivíduo, um indivíduo que já teve movimento no mundo do crime, com a possibilidade de que uma facção criminosa, o PCC, estivesse envolvida. Então, a gente consegue informações de que o Luelder teria sido levado para uma emboscada, sob o pretexto de fazer uma visita ali na região da Ilhotas. E aí, após essa emboscada, ele teria sido abandonado lá no local”, explicou Ursulino.
O delegado destacou que o adolescente vinha sendo visto como “X9” por criminosos da região.
“O Luelder tem um cunhado que já foi próximo desses indivíduos, mas teria ido para uma facção rival. Esses indivíduos, vez por outra, quando faziam uso de entorpecentes, chegavam a apontar armas para o Luelder a fim de que ele dissesse onde o cunhado estava. O Luelder não dizia, não abria. Então cresceu a visão de que ele passava informações privilegiadas para o grupo rival. O mote de toda essa movimentação é exatamente esse vínculo familiar”, acrescentou.
O delegado também confirmou que um dos investigados, identificado como Del, já foi preso.
“A gente esteve hoje prendendo o Del, a pessoa que é apontada nas investigações, porque ele se encontrava na moto, inclusive do pai da vítima. Ele teve ainda a frieza de entregar essa motocicleta lá na região. E mandou avisar para terceiros que a vítima tinha falecido”, disse Ursulino.
Investigações preliminares indicam que Luelder, apesar de eventualmente praticar pequenos delitos, não estava em ação criminosa no dia do ataque.
“Mesmo que tenha sido chamado para praticar assalto, isso seria apenas a história de cobertura. A história real é que ele foi atraído para ser executado”, finalizou o delegado.
O DHPP segue investigando o caso e não descarta a possibilidade de novas prisões. Além disso, as apurações buscam identificar se outros envolvidos participaram da emboscada.