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Cada vez mais quente: altas temperaturas em Teresina podem piorar, aponta especialista

Coordenador da Semam explica fatores globais e locais que elevaram temperatura em 1°C e aponta soluções de arborização.

Imagem do pôr do sol de Teresina | Foto: Jessica Machado
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Teresina, capital do Piauí, é conhecida nacionalmente pelas altas temperaturas, e a tendência climática para os próximos anos é considerada preocupante. Ao MeioNews, o coordenador de Arborização Urbana da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), Ribamar Rocha, destacou que as médias térmicas devem continuar subindo nas próximas décadas, com mais dias de calor intenso.

“A tendência é que as temperaturas de Teresina continuem subindo, com médias cada vez mais altas e mais dias de calor intenso ao longo dos próximos anos, especialmente se medidas mais eficientes de mitigação climática não forem implementadas em nível local, nacional e até global”, afirmou Ribamar Rocha.

Divisa Teresina e Timon | FOTO: Jessica Machado

Conforme Ribamar, o aquecimento na capital piauiense não é um evento isolado, mas o resultado de uma combinação complexa entre fenômenos globais e características locais. À reportagem, ele destacou quatro principais pontos que contribuem para as altas temperaturas e explicou como a população pode ajudar a amenizar os impactos.

1. Fatores climáticos globais

O primeiro ponto aborda o contexto externo à cidade, sobre o qual Teresina tem pouco controle direto, mas do qual sofre as consequências, tendo o aquecimento global como pano de fundo.

“As chamadas, mudanças climáticas globais, que tem as tendências de aquecimento observada no planeta e tem um impacto direto em Teresina”, disse.

  • Dado relevante: o coordenador informou que, em razão desse processo, a temperatura média da cidade aumentou cerca de 1 °C entre a década de 1990 e 2021.

Teresina alcança temperaturas altas | FOTO: Jessica Machado

2. Localização

Conforme Ribamar Rocha, Teresina já é naturalmente quente devido à sua posição geográfica, por estar localizada na faixa intertropical, próxima à linha do Equador, com elevada insolação ao longo de todo o ano.

É uma cidade interiorana do país, do continente, longe da influência moderadora do oceano. Isso significa que recebe muita radiação solar e tem grandes períodos com pouca cobertura de nuvem ou chuva, especialmente durante no período conhecido como B-R-O-Bró, que naturalmente eleva as temperaturas em setembro e dezembro”, afirmou.

Rio Poti, em Teresina | FOTO: Jessica Machado

3. Urbanização acelerada

A intervenção humana é um dos fatores que intensificam as altas temperaturas, uma vez que a pavimentação e as construções, principalmente no sentido horizontal, com a expansão de áreas construídas, causam a redução de áreas naturais e permeáveis.

“A cobertura vegetal nativa vem diminuindo, com grande perda de árvores e matas históricas, dentro e ao redor da cidade. Essa transição de vegetação para concreto, asfalto, aumenta a quantidade de radiação solar, absolvida e retida pelas superfícies urbanas”, pontuou.

4. Ilha de calor

O quarto ponto é uma consequência direta do avanço urbano, uma vez que essas regiões são significativamente mais quentes do que as áreas rurais vizinhas, fenômeno conhecido como ilha de calor.

“É a substituição da vegetação por superfícies impermeáveis, somado ao calor gerado por veículos. É difícil, e a atividade humana, intensifica este fenômeno de ilha do calor, que são áreas urbanas significativamente mais quente do que as áreas ao seu redor”, explicou.

Áreas mais afetadas

Segundo Ribamar Rocha, há parâmetros técnicos que permitem identificar quais regiões de Teresina são mais afetadas pelas altas temperaturas. Esses critérios levam em consideração uma combinação de fatores urbanos, ambientais e socioespaciais.

“Como por exemplo a baixa cobertura vegetal. Inclusive esse é o indicador principal. Que se caracteriza, com poucas árvores nas ruas, ausência de praças e parques. Os lotes totalmente impermeabilizados. E essas regiões podem registrar temperaturas mais altas durante o dia e também a noite. A alta impermeabilização do solo com asfalto, concreto, telhado, sem isolamento térmico, também contribui porque essas estruturas demoram muito mais pra esfriar a noite intensificando o desconforto”, afirmou.

Teresina, a cidade verde | FOTO: Jessica Machado

Como amenizar a situação?

Segundo o coordenador, o plantio de árvores é uma das medidas mais eficazes e acessíveis para reduzir o calor urbano, pois promove sombreamento, bloqueia a radiação solar e diminui o aquecimento de ruas e edificações, além de resfriar o ar por meio da evapotranspiração.

 

“Além da arborização tem diversas atitudes que podem contribuir, como a requalificação dos bairros vulneráveis. Fazendo sombreamento de pontos de ônibus por exemplo. É intensificar a arborização das calçadas públicas pensadas para o pedestre. Também tem que se olhar a mobilidade urbana sustentável, que o transporte é um dos maiores contribuidores pra gases do efeito estufa e também para o aquecimento. Então colocar mais coletivo de qualidade, infraestrutura para caminhadas, estimular o uso de bicicleta pra ter menos carros significa menos calor e menos poluição”, acrescentou Ribamar Rocha.


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