O desaparecimento da jovem piauiense Lívia Barbosa dos Santos Marques, de 18 anos, completou um ano sem respostas neste domingo (9). A jovem foi vista pela última vez quando saía de casa em Jardinópolis (SP) para trabalhar em Ribeirão Preto, cidade vizinha.
Desde então, a família vive uma rotina de angústia, esperança e cobranças por respostas que ainda não chegaram. A Polícia Civil investiga o caso por meio da 3ª Delegacia de Homicídios da Deic de Ribeirão Preto, mas nenhuma conclusão foi divulgada até o momento.
Quem é Lívia
Lívia se mudou de Regeneração (PI) para o interior paulista em janeiro de 2024, em busca de melhores oportunidades. De família simples, ela morava com a tia, Maria Deusimar Ribeiro Barbosa, e trabalhava como balconista em uma loja de chocolates em um shopping na zona Sul de Ribeirão Preto.
Descrita pelos familiares como responsável, trabalhadora e muito apegada aos pais, Lívia enviava parte do salário para ajudar a família no Piauí. Segundo a tia, a jovem nunca deixaria de dar notícias por vontade própria, mas semanas antes do desaparecimento, ela havia decidido morar sozinha em Jardinópolis.
“Ela era respeitosa, trabalhava muito e sempre pensava na família. Não desapareceria sem motivo”, disse Maria Deusimar.
O desaparecimento
Na manhã de 9 de novembro de 2024, uma câmera de segurança registrou Lívia saindo de casa às 6h04, com uniforme e mochila, seguindo o caminho de costume para o trabalho. Essa foi a última imagem conhecida da jovem.
No dia seguinte, sem conseguir contato, a tia foi até a casa onde Lívia morava sozinha há três semanas e encontrou o imóvel trancado e sem sinais de invasão. Com apoio da Polícia Civil e de um chaveiro, o local foi aberto, mas não havia vestígios que indicassem o que aconteceu.
A tia registrou um boletim de ocorrência, e as primeiras buscas começaram.
Por que ela passou a morar sozinha
Três semanas antes do desaparecimento, Lívia decidiu morar sozinha após desentendimentos com a tia, relacionados a um namoro. Segundo a família, a jovem havia iniciado um relacionamento com um homem de Ribeirão Preto, também natural do Piauí. Ele era conhecido da família, mas não era bem-vindo por causa do comportamento considerado agressivo.
Lívia teria conhecido o rapaz enquanto ele trabalhava como motorista de aplicativo. O relacionamento evoluiu rapidamente, e ele passou a buscá-la e deixá-la no trabalho. A família conta que, após uma conversa com a mãe, a jovem decidiu encerrar o relacionamento no fim de outubro, mas o ex-namorado insistia em reatar.
Segundo relatos, o homem chegou a dormir algumas vezes na casa da tia, o que gerou conflitos familiares. Após as discussões, Lívia alugou uma kitnet e passou a viver sozinha.
Família descarta fuga e fala em crime
Amigos e familiares afirmam que Lívia não tinha motivos para fugir. Ela era próxima dos pais, não tinha dívidas, não usava drogas e nunca demonstrou intenção de sair por conta própria.
O primo Luann Marques, que deixou o Piauí e se mudou para Jardinópolis para acompanhar as investigações, diz acreditar que a prima foi vítima de um crime. “Ela não sumiria sem avisar. A gente sente que há algo errado e que informações importantes foram deixadas de lado”, afirma.
A família também alega que o ex-namorado foi ouvido pela polícia, mas liberado por falta de indícios, mesmo após relatos de comportamento agressivo.
Um ano de silêncio e cobranças
Após 12 meses sem respostas, o clima entre os familiares é de dor e indignação. Luann Marques divulgou uma mensagem nas redes sociais neste fim de semana, relatando negligência e omissão nas investigações.
“Hoje completa 1 ano. 365 dias desde que a Lívia desapareceu. Um ano inteiro preso na angústia de não saber onde ela está, o que aconteceu e por que até agora nada foi esclarecido. A mãe e o pai da Lívia estão emocionalmente devastados. E nós seguimos tentando sobreviver a uma dor que cresce junto com a sensação de descaso”, escreveu.
Luann também afirmou que a família enfrentou obstáculos para ter acesso a informações oficiais. “Nos negaram acesso às câmeras, entregaram imagens erradas e defenderam a principal suspeita, enquanto a família era desacreditada. O ex-namorado foi absolvido sem que tivéssemos acesso completo ao que foi avaliado. Mesmo assim, nada foi resolvido. Nenhuma resposta concreta”, disse.
O primo afirma ainda que, após tentativas frustradas de diálogo, a família não pretende mais se calar: “Durante esse ano tentaram nos silenciar, mas agora vamos falar. Vamos mostrar o que tentaram esconder. Pela Lívia, pela justiça que ela merece e pela verdade que a nossa família nunca parou de buscar.”
Posição da Polícia Civil
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou, por meio de nota, que o caso segue sob investigação pela equipe da 3ª Delegacia de Homicídios da Deic de Ribeirão Preto.
De acordo com a SSP, foram realizadas diligências em Jardinópolis e Ribeirão Preto, com apoio de imagens de câmeras de segurança, coleta de material genético de familiares e cumprimento de mandados de busca e apreensão.
A pasta reforçou que as investigações correm sob sigilo e que novas informações só serão divulgadas quando houver avanços concretos.
Um ano de fé e resistência
Neste domingo, familiares e amigos se reuniram no Morro da Cruz, em Regeneração (PI), para um momento de oração em memória de Lívia. O encontro, marcado pela emoção, foi descrito por Luann como um ato de fé e resistência.
“Ali, aos pés da Santa Cruz, pedi por luz, pedi por verdade, pedi por justiça. Eu prometi que não vou descansar enquanto não souber o que aconteceu. Porque amor assim não acaba, e uma alma inocente não pode ser esquecida”, disse.
Família pede apoio e reforça busca por informações. A família pede que a sociedade continue divulgando o caso e que qualquer informação seja repassada à Polícia Civil.
“Enquanto houver esperança, a gente vai continuar lutando. A Lívia não é só mais um caso. Ela é filha, neta, sobrinha e tem uma família que nunca vai parar de buscar por justiça”, conclui Luann.
Quem tiver informações sobre Lívia Barbosa dos Santos Marques pode ligar para o Disque Denúncia 181, com sigilo garantido.