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Exclusivo “Estava feliz porque ia ser pai”, diz família de estudante de 15 anos morto a tiros em Teresina

Marcos da Rocha, pai de Francisco Kennedy, afirma que o filho foi morto logo após a namorada falar que estava grávida

Keitiane Rocha, Marcos da Rocha e o filho, Francisco Kennedy | Reprodução | TV Meio

Em colaboração com Ananda Soares

A família de Francisco Kennedy da Silva Rosa, de 15 anos, assassinado com tiros na cabeça na noite de segunda-feira (21), em Teresina, está pedindo justiça. O adolescente, que completaria 16 anos no dia seguinte, havia descoberto horas antes que seria pai. Os pais do menino acreditam que ele foi morto por engano.

COMO ACONTECEU

De acordo com a Polícia Militar, Kennedy caminhava sozinho quando foi surpreendido por quatro homens em duas motocicletas, que já chegaram atirando. Ele morreu no local. O crime ocorreu menos de cinco horas após a execução de Samuel Fidalgo, baleado enquanto trabalhava em uma loja no bairro Satélite, também na zona Leste. Uma das linhas de investigação da polícia é que o assassinato de Kennedy tenha sido uma retaliação, mas os pais do jovem contestam essa versão e cobram justiça. 

“Meu filho foi morto por engano”, diz o pai

Marcos da Rocha, pai de Francisco Kennedy, afirma que o filho havia acabado de sair da casa da namorada, onde soube que seria pai. Ele conta que o jovem foi morto ao retornar para casa, após comprar uma fruta que a namorada havia pedido.

"Ele veio tomar banho e ia me contar que ia ser pai. A namoradinha ligou pedindo uma manga. Ele foi deixar. Na volta, pegaram ele na rua. Mataram meu filho", relata o pai, com a voz embargada.

Marcos nega qualquer envolvimento de Kennedy com a criminalidade. "Estão dizendo que ele era de facção. É mentira. Meu filho estudava das sete da manhã até cinco e meia da tarde. Ele não tinha envolvimento nenhum com facção. Ele só queria viver a vida dele, estudar, cuidar da namorada. Foi morto por engano", contou.

Segundo ele, criminosos estariam ameaçando moradores da região com represálias aleatórias. "A polícia falou que eles estavam dizendo que iam pegar quem vissem na rua. Infelizmente, pegaram meu filho. No dia que ele descobriu que ia ser pai. No dia antes do aniversário dele. Isso acabou com a gente", comentou o homem.

Mãe: “Era só alegria. Meu filho era uma bênção de Deus”

Keitiane Maria, mãe do adolescente, descreve Kennedy como um menino respeitador, carinhoso e querido por todos.n"Meu filho era luz. Era só sorriso. Se alguém desse bom dia, pronto, já virava amigo. Ele dizia que ia me dar cinco netos… e eu dizia: ‘Estuda primeiro, sem-vergonha!’. Mas ele ria, dizia que ia dar alegria pra nossa família", disse.

Em prantos, Keitiane fez um apelo por justiça e disse que o adolescente não envolvia com crimes. "Parem de falar que ele era bandido. Quem fala isso não conhecia o Kennedy. Meu filho não era de facção nenhuma. Era trabalhador, era estudioso, era alegre. E ia ser pai. Eu só peço justiça. Justiça por ele. Por nós", falou.

A escola onde Francisco Kennedy estudava publicou nota de pesar e prestou homenagens ao aluno. Professores relataram que ele era participativo, mesmo com algumas “manhas” típicas da idade.

"Às vezes pedia pra ir embora, dizia que estava com dor de cabeça, queria ver a mãe. Era manhoso, mas era obediente e querido. Todos gostavam dele", disse a mãe, ao lembrar com carinho das travessuras do filho.

A família também questiona rumores sobre uma suposta ligação de Kennedy com um grupo do bairro conhecido como “PQU”. Segundo o pai, tratava-se apenas de um grupo de amigos que se organizava para festas.

"Era um grupo de resenha, de aniversário, que pediam carne, refrigerante, essas coisas. Nada a ver com crime. Ele nem estava mais no grupo. Mas as pessoas pegam isso e começam a espalhar coisa que não é verdade", contou.

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso. De acordo com a mãe, os investigadores já têm imagens do crime, mas ainda tentam identificar a placa da motocicleta usada pelos suspeitos. "A polícia mesma disse que ele não tem envolvimento com nada. Estão limpando as imagens pra tentar identificar os assassinos. Eu confio na justiça", afirmou Keitiane.

Keitiane e Marcos agora se preparam para cuidar do neto que ainda nem nasceu. "Meu filho morreu com um sonho: ser pai. Ele dizia que ia ser um bom pai. Mas não vai ter chance. Quem vai criar essa criança agora somos nós. A sogra dele também tá abalada, tem depressão, crise de ansiedade. A gente vai ter que encontrar forças pra seguir", disse a mãe, em lágrimas.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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