A Polícia Civil do Piauí segue analisando o material apreendido durante a Operação Gabinete de Ouro, que investiga um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Teresina, durante a gestão do ex-prefeito Dr. Pessoa (PRD). Entre os itens que passam por perícia estão celulares, tablets, documentos, pendrives e computadores apreendidos com a ex-chefe de gabinete Sol (Suellene) Pessoa.
O advogado de defesa, Djalma Filho, informou que a equipe aguarda a conclusão das análises para que o conteúdo seja incorporado ao inquérito e disponibilizado à defesa.
“Estamos aguardando as finalizações das perícias dos materiais apreendidos, que sejam incorporados aos autos e disponibilizados aos advogados. O que, certamente, será a parte mais importante de tudo”, afirmou o advogado.
Djalma Filho também destacou que há informações incorretas circulando fora do processo e reforçou a confiança no trabalho da polícia. “Tenho visto algumas informações equivocadas sobre fatos que não constam do inquérito. A certeza que se tem é de que o trabalho da polícia continua, e temos que aguardar a conclusão dessa fase da investigação policial. Em seguida, poderemos falar com toda certeza e segurança”, completou.
Avanço das investigações
Nos bastidores da Câmara, pelo menos nove vereadores, entre titulares e suplentes, teriam sido citados por Sol em depoimento. A coluna apurou que alguns teriam tentado contato com os policiais que conduzem o caso, mas não obtiveram retorno.
Sol Pessoa foi solta no dia 19 de outubro, após o término do prazo da prisão temporária, que não foi renovado pela Justiça. Segundo o advogado, ela está em liberdade e retomou os estudos, enquanto aguarda o andamento das investigações.
CORRUPÇÃO
A ex-chefe de gabinete é apontada como a líder de um grupo suspeito de desviar cerca de R$ 75 milhões dos cofres públicos por meio de contratações irregulares, indicações políticas e pagamentos de terceirizados fantasmas.
Conversas encontradas no material apreendido mostram Sol negociando cargos e orientando transferências de valores a mando de um empresário identificado como Marcos Almeida, apontado como operador financeiro do esquema.
Bens e valores apreendidos
Entre os bens apreendidos estão imóveis, joias, bolsas de luxo e equipamentos eletrônicos, além de bloqueio judicial de contas bancárias e veículos. A polícia acredita que parte do dinheiro desviado tenha sido usada para pagamento de despesas pessoais e compra de artigos de luxo.
Operação relacionada investiga ex-vereadores
Paralelamente, a Operação Interpostos, que tem ligação direta com o caso Gabinete de Ouro, investiga ex-vereadores de Teresina e ex-gestores municipais, entre eles Stanley Freire, ex-presidente da Fundação Municipal de Cultura.
De acordo com a delegada Bernadete Santana, a investigação aponta movimentações financeiras atípicas — um dos investigados teria movimentado cerca de R$ 14 milhões entre 2020 e 2023.
O advogado de Stanley, Deomar Fonseca, afirmou que já apresentou documentos que comprovam a legalidade das transações.
As investigações continuam sob sigilo, e a expectativa é que o laudo da perícia sobre os materiais apreendidos seja concluído nas próximas semanas, podendo revelar novos nomes e conexões políticas ligadas ao caso.