A Polícia Civil do Piauí tem oito dias para concluir o inquérito que investiga a morte de Ana Karine Assunção Pereira, de 35 anos, assassinada a facadas no dia 2 de agosto, em uma lanchonete no Centro de Teresina. O suspeito, Wesley Nascimento Fonseca, se apresentou à polícia no último sábado (16), acompanhado de um advogado, após duas semanas foragido.
De acordo com a delegada Nathalia Figueiredo, coordenadora do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), as investigações já estão avançadas, mas ainda precisam de novos depoimentos e análise de imagens de câmeras de segurança.
“Mais pessoas vão ser ouvidas, e todo o material coletado será analisado no relatório final”, disse a delegada. Segundo ela, Wesley contou em depoimento que a discussão começou devido a uma dívida de R$ 30 e que teria se sentido intimidado pela vítima e pela irmã dela.
“Nesse contexto, iniciou-se uma discussão mais forte, depois partiu para agressões, e, segundo o investigado, ele teria realizado a perfuração. Mas o que ele traz é a versão dele, não necessariamente a verdade dos fatos”, afirmou.
A arma usada no crime foi apreendida.
“Constatou-se que foi um instrumento pérfuro-cortante, no caso, a faca. Ele mesmo relatou que era uma faca que utilizava para limpar as mesas. A irmã da vítima também confirmou que ele portava essa faca. Então, para nós, está muito claro em relação ao instrumento”, explicou.
Defesa questiona feminicídio
O advogado de Wesley declarou que não houve feminicídio e que não teve acesso aos autos. A delegada rebateu:
“Nós lamentamos porque não temos controle das verdades que possam ser lançadas via mídia. Como é que o advogado acompanhou as oitivas da companheira do investigado e de outras testemunhas e não teria acesso aos autos? Isso não tem lógica”, disse.
Ela também respondeu sobre a alegação da defesa de que a vítima teria contribuído para o desfecho do crime: “Não somente como mulher, mas como ser humano, você culpabilizar uma vítima por ter sido morta de uma forma cruel, na frente de um filho, é lamentável. Não se justifica crime algum”, destacou Nathalia.
A delegada explicou ainda por que o caso foi encaminhado ao Núcleo de Feminicídio, mesmo sem provas de que Wesley e a vítima tinham relação íntima. “No inquérito não constam elementos de relação íntima de afeto entre os dois. O feminicídio pode acontecer em dois contextos: violência doméstica e familiar ou por menosprezo e discriminação pelo fato de ser mulher. Até o momento, não visualizamos nenhum dos dois. Mas o Núcleo também atua em qualquer morte violenta de mulher em Teresina. Foi por isso que o caso veio para cá”, disse.
O crime
Ana Karine foi morta com uma facada na nuca. A irmã dela também foi agredida. Um dos filhos da vítima, de 11 anos, presenciou o crime. O inquérito deve ser concluído e enviado à Justiça até o fim da próxima semana.