O Piauí registrou a menor diferença salarial entre homens e mulheres do país, com remuneração feminina, em média, 7,2% menor que a masculina em empresas com 100 ou mais funcionários, segundo o 4º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios.
A média nacional aponta que as mulheres ganham, em média, 21,2% a menos que os homens. O estudo analisou 19.423.144 vínculos trabalhistas (41,1% mulheres e 58,9% homens) com base nas informações da RAIS, do 2º semestre de 2024 ao 1º semestre de 2025. A remuneração média das mulheres é de R$3.908,76, enquanto a dos homens é de R$4.958,43.
Conforme o relatório, a participação das mulheres no mercado de trabalho cresce, mas a igualdade salarial ainda avança lentamente nas 54.041 empresas com 100 ou mais funcionários. Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), destacou que esse processo precisa ser intensificado.
“É preciso que as empresas avancem na construção de planos de ação que promovam a igualdade salarial entre homens e mulheres. Precisamos acelerar esse processo”, afirmou.
Entre 2023 e 2025, a proporção de mulheres ocupadas aumentou de 40% para 41,1%, elevando o número de empregadas de 7,2 milhões para 8 milhões. Apesar do crescimento, segundo o MTE, se a massa de rendimentos acompanhasse a participação feminina no mercado, seriam adicionados R$ 92,7 bilhões à economia. A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destaca que a inserção das mulheres no mercado não é suficiente.
“É inaceitável que mulheres negras recebam metade do rendimento de homens não negros. Precisamos intensificar medidas que corrijam essas distorções, ampliar políticas de apoio como licença-paternidade e auxílio-creche, e engajar a sociedade na redistribuição do trabalho doméstico e de cuidado”.
Dados do IBGE e da PNAD Contínua mostram que, entre o segundo trimestre de 2016 e o segundo trimestre de 2025, as mulheres ocupadas passaram de 37,9 milhões para 44,6 milhões, enquanto os homens passaram de 51,9 milhões para 57,7 milhões.
O relatório mostra que cresceu 21,1% o número de estabelecimentos com pelo menos 10% de mulheres negras (de 29 mil para 35 mil) e que subiu 6,4% o número de empresas com diferença salarial de até 5% entre homens e mulheres (de 16,7 mil para 17,8 mil). Mesmo assim, mulheres negras continuam recebendo muito menos que homens não negros: a diferença no salário de admissão é de 33,5% e no rendimento médio, 53,3%.
Principais motivos apontados pelas empresas para a diferença salarial:
Tempo de experiência na empresa: 78,7%;
Metas de produção: 64,9%;
Plano de cargos e salários ou carreira: 56,4%.
Estados com maior e menor diferença salarial média:
- Maiores diferenças: Paraná (28,5%), Rio de Janeiro (28,5%), Santa Catarina (27,9%), Mato Grosso (27,9%), Espírito Santo (26,9%);
Menores diferenças: Piauí (7,2%), Amapá (8,9%), Acre (9,1%), Distrito Federal (9,3%), Ceará (9,9%), Pernambuco (10,4%).
Fiscalização e Lei de Transparência Salarial
Em 2025, a equipe de fiscalização do MTE realizou 787 ações, alcançando cerca de um milhão de empregados. Foram emitidos 154 autos de infração, e as empresas precisam comprovar a publicação do relatório de igualdade salarial. Das 54.041 empresas, 38.233 baixaram o relatório (71%) em outubro, e cerca de 31 mil informaram o endereço eletrônico onde o documento está disponível.
A Lei 14.611, sancionada em 3 de julho de 2023, torna obrigatória a igualdade salarial e critérios remuneratórios entre homens e mulheres em empresas com 100 ou mais empregados. A norma prevê transparência salarial, fiscalização efetiva e canais seguros para denúncias de discriminação.
Ações para promoção da diversidade
Entre as empresas que informaram suas ações:
- 38,9% possuem políticas de promoção de mulheres;
- 29,6% têm políticas de incentivo à contratação de mulheres;
- 23,1% incentivam a contratação de mulheres negras;
- 19,7% mulheres com deficiência;
- 18,8% pessoas LGBTQIA+;
- 18,9% mulheres chefes de família;
- 7,8% mulheres indígenas;
- 7,3% mulheres vítimas de violência.