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Falha na produção de vacina foi a causa da morte de centenas de animais no Piauí, aponta empresa

A conclusão foi apresentada após análise técnica conduzida pela Dechra Brasil

Centenas de caprinos, ovinos e bovinos morreram no Piauí após vacina | Foto: ZOO Brasil
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O laboratório Dechra Brasil reconheceu nesta quinta-feira (13) uma falha na produção da vacina Excell 10, utilizada na prevenção de clostridioses, após a morte de centenas de animais em diferentes regiões do país. Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (Adapi), mais de 200 animais morreram no estado, entre caprinos, ovinos e bovinos.

A Secretaria de Assistência Técnica e Defesa Agropecuária do Piauí (Sada) confirmou que o problema foi identificado em dois lotes da vacina, considerados a causa das mortes de caprinos e ovinos no Piauí. A conclusão foi apresentada após análise técnica conduzida pela própria empresa.

Casos começaram com mortes rápidas após vacinação

Os primeiros registros ocorreram ainda em agosto, quando produtores relataram a morte de animais em até 72 horas após a aplicação da vacina. Segundo relatos, os animais apresentavam inchaço, apatia e dificuldade para se alimentar.

De acordo com Fábio Abreu, a investigação apontou que as bactérias presentes nos lotes afetados não foram totalmente inativadas, o que fez com que os animais recebessem, na prática, a própria doença que o imunizante deveria prevenir.

Laboratório confirma problema e suspende produção

Em comunicado oficial, a Dechra Brasil informou que as falhas ocorreram durante o processo de inativação dos microrganismos nos lotes 016/24 e 018/24 da vacina Excell 10. A empresa afirmou ter suspendido voluntariamente a produção em sua unidade de Londrina (PR) enquanto realiza uma revisão completa dos procedimentos de fabricação.

A companhia, que tem sede no Reino Unido, informou ainda que o fornecimento de alguns produtos pode ser temporariamente afetado. A nota reforça que a Dechra “mantém contato direto com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e está adotando medidas para garantir que falhas semelhantes não voltem a ocorrer”.

Entenda o erro na produção

Durante a fabricação de vacinas contra clostridioses, os agentes causadores das doenças são normalmente inativados — ou seja, perdem o poder de provocar infecção, mas ainda estimulam o sistema imunológico. No caso da Excell 10, a inativação incompleta fez com que parte desses microrganismos permanecesse ativa. Assim, ao serem aplicados, acabaram provocando a doença e levando os animais à morte.

Especialistas chegaram a cogitar falhas de manejo, como o uso de agulhas contaminadas, mas essa hipótese foi descartada porque as mortes ocorreram em diferentes regiões e propriedades, sem relação entre si.

Mapa ainda não apresentou parecer

Mesmo após a conclusão da investigação conduzida pela Dechra, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ainda não divulgou um posicionamento oficial.

Conforme a Portaria nº 49/1997, vacinas desse tipo só podem ser comercializadas após aprovação e liberação do órgão fiscalizador, mediante análise de resultados e testes oficiais.

Em 21 de agosto, o Mapa determinou a suspensão das vendas e o recolhimento dos lotes 016/2024 e 018/2024 da Excell 10, informando que a apuração seria concluída em até 60 dias. Passados quase três meses, o ministério segue sem divulgar o relatório final.

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