O assassinato do caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto ainda é um mistério, quase oito meses depois. Ele morreu durante uma troca de tiros entre policiais militares, assaltantes e uma 3ª pessoa, em Teresina. A família responsabiliza os PMs, mas laudos apontam que o disparo fatal não partiu das armas dos agentes, segundo informou ao MeioNews o advogado de defesa, Otoniel Bisneto.
Mais cedo, a família e a defesa do caminhoneiro relataram à reportagem que os policiais apresentaram várias contradições nos depoimentos. No entanto, a reconstituição realizada nesta quarta-feira (2) pode mudar o rumo do caso. Isso porque o assaltante teria corrido em direção à vítima após ser baleado pelos PMs, que estavam posicionados atrás do caminhão.
O que chama a atenção é que a família não quer aceitar que o tiro que matou o caminhoneiro partiu da esquerda para a direita (de cima para baixo) e provavelmente foi disparado por alguém que estava à sua esquerda. Não tem a menor chance dos tiros terem saído das armas dos policiais que estavam por trás do caminhão. Um tiro de ponto 40 não tem a capacidade de transfixar o caminhão [...] a família tem que entender que não foram os policiais que efetuaram o disparo que culminou com a morte do caminhoneiro. Eles têm que buscar o verdadeiro culpado pela morte, disse o advogado dos policiais, Otoniel Bisneto, ao MeioNews.
Veja o que pode ter acontecido:
O caminhoneiro estava sentado e quem atirou estava posicionado de pé, uma posição privilegiada e próxima a ele [...] à bem da verdade, a família deveria era se preocupar em localizar essas imagens e fornecer para poder judiciário, disse o advogado.
PARTICIPAÇÃO DE UM 3º ENVOLVIDO
Em maio, o delegado Barêtta, coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), informou que havia uma terceira pessoa presente na cena do crime, um suposto vigilante. A defesa dos policiais militares também confirmou essa informação, mas o paradeiro dessa pessoa ainda é desconhecido. Apenas as imagens das câmeras de monitoramento poderão esclarecer a real dinâmica dos fatos.
A versão dos três policiais é a mesma que eles mantiveram durante todo o depoimento [...] a gente precisa das imagens completas e fica a pergunta: cadê as imagens completas? E um ponto também que deve ser colocado é que os policiais ficaram presos 45 dias por conta das mentiras que foram propaladas no processo informando que os policiais estavam intimidando as testemunhas e foi comprovado que não houve nenhuma intimidação.
Nós temos subsídios processuais para processar a família por falsa comunicação de crime, fraude processual e outros crimes além da indenização civil devida aos policiais.
FAMÍLIA CLAMA POR JUSTIÇA
O crime aconteceu no dia 11 de novembro de 2024, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina. Francisco teria sido morto em uma troca de tiros entre assaltantes e policiais enquanto descarregava o seu veículo.
Na época, três policiais chegaram a ser presos, mas soltos dias depois. A família do caminhoneiro acompanhou a reconstituição do crime. Com cartaz de “Queremos Justiça”, todos seguem na esperança de que a verdade seja esclarecida.
Foi favorável à reconstituição. Eles fizeram de quatro formas. Eles pegaram o jeito que estava nas imagens, a versão dos três policiais separados. Eles queriam que fossem juntos, mas o perito não deixou. E aí cada um contou uma versão e eles encenaram lá. Cada policial contou um jeito diferente. Eles se contradisseram em tudo que eles falaram lá. Até na posição do carro, que o carro deu a volta em cima da mureta, cada um disse que foi um local diferente, disse Sâmia Araújo, irmã do caminhoneiro.