O calor em Teresina vem aumentando ano após ano, e seus efeitos sobre a saúde já não podem ser ignorados, especialmente quando se trata de gestantes. Uma pesquisa científica realizada pela Agenda Teresina 2030 revelou como as altas temperaturas impactam diretamente a saúde das grávidas da capital. Com base nesses resultados, começa a ser implantada uma nova política pública que inclui o calor extremo como fator de risco no pré-natal.
O estudo, intitulado “Análise do impacto do calor na saúde da mulher gestante de Teresina”, foi realizado durante o período mais quente do ano, o B-R-O Bró, e ouviu 411 gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde. A partir dos dados coletados e em parceria com a Fundação Municipal de Saúde (FMS), está em construção um novo modelo de pré-natal, que passa a considerar a exposição ao calor como um risco real para a gestação, principalmente em áreas mais vulneráveis.
A pesquisa mostrou que o calor prolongado pode desencadear diversos problemas, como infecção urinária, inchaço, aumento da pressão arterial, infecções ginecológicas e impactos na saúde mental.
Estudos internacionais reforçam os alertas, apontando também riscos ao fluxo sanguíneo do feto, crescimento comprometido do bebê e maior incidência de pré-eclâmpsia.
Segundo Leonardo Madeira, coordenador da Agenda Teresina 2030, o novo protocolo nasce das próprias necessidades relatadas pelas gestantes.
“As mulheres grávidas de Teresina manifestaram suas queixas, seus sintomas e a necessidade de mais informação sobre o que o calor provoca na saúde. Estamos construindo, com os profissionais, um pré-natal que responda diretamente a essas demandas. A parceria com a FMS tem sido essencial, e o resultado será um salto de qualidade para mães e bebês”, afirmou.
Para o médico Breno Noah, da equipe técnica da FMS, é fundamental que o tema deixe de ser tratado apenas como característica climática da cidade e passe a ocupar espaço no planejamento de saúde pública. “As altas temperaturas de Teresina não podem ser apenas assunto de conversa. O calor extremo precisa estar no centro das políticas de saúde da capital”, destacou.